foto de bitucas de cigarro jogadas no chão formando frase
Segundo a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) são descartadas diariamente cerca de 12,3 bilhões de bitucas.
Segundo a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) são descartadas diariamente cerca de 12,3 bilhões de bitucas.

A Ilha de Porto Belo possui uma das mais incríveis paisagens do litoral catarinense, sendo especialmente conhecida por sua fauna rica — formada por tartarugas, cardumes de peixes e aves comuns da Mata Atlântica. Apesar disso, este é (mais) um santuário natural que se acostumou a dividir o espaço de suas belas praias com o lixo: são diversas embalagens plásticas, chicletes, tampas de garrafas, latinhas e, principalmente, bitucas de cigarro.

Preocupada com a situação, a administração da ilha vem trabalhando na criação de projetos para remoção de resíduos descartados em locais inapropriados. Em outubro de 2015, foi lançada uma iniciativa com foco na eliminação de canudos plásticos e, no início deste ano, outra que visa recolher as bitucas de cigarro espalhadas pelas ruas de Porto Belo.

Trata-se da campanha “Bitucas não são sementes”, que pretende retirar os restos de cigarro das praias locais, de modo a evitar a geração de micro lixo e amenizar os prejuízos causados pelo resíduo ao meio ambiente. A iniciativa faz parte de uma série atividades conjuntas que já vêm de um trabalho de mais de 10 anos dos moradores da ilha que, em 2007, concordaram em estabelecer que nenhum bar ou restaurante de Porto Belo vendesse um maço de cigarro sequer.

De acordo com dados da equipe de preservação local, a ingestão dos pequenos detritos sintéticos é hoje a segunda maior causa da morte de animais marinhos no mundo — atrás apenas da pesca comercial. Levando em conta essa informação, a importância do projeto fica ainda mais em evidência, reforçando a necessidade de colaboração das pessoas para resolução do problema.

Em entrevista exclusiva para a equipe do portal Pensamento Verde, o administrador da ilha, Alexandre Stodieck, explicou que entre as principais dificuldades do projeto, “Mudar o hábito das pessoas, neste caso os fumantes [é o mais difícil]. Lançar a bituca em qualquer lugar, automaticamente, como uma coisa natural, é o problema principal”.

Segundo Alexandre, a campanha se desenvolve por meio do esforço de uma equipe de 13 pessoas, que são responsáveis por fazer a coleta de bitucas e de toda espécie de micro lixo existentes na ilha, contando também com o apoio de uma agência publicitária que elabora e distribui materiais de conscientização (placas, adesivos etc.) por toda Porto Belo.

“Garçons, monitores e atendentes passaram por treinamento para comunicar aos visitantes a importância do descarte correto. A campanha “Bitucas não são sementes” é mais um passo em busca da conscientização dos visitantes e da comunidade do entorno sobre a importância de cuidar do meio ambiente”, explana o administrador.

Até o momento, a campanha já coletou cerca de 9.109 bitucas de cigarro, sendo 6.928 destas recolhidas nas bituqueiras, enquanto as outras 2.181 foram encontradas no chão da cidade. A expectativa do projeto é melhorar a relação da região com o descarte de resíduos e, consequentemente, a qualidade de seu repertório natural (meio ambiente) como praias e áreas verdes, já que a região é um importante reduto de tartarugas-verde.

Imagem: Ilha de Porto Belo/ Facebook