iStockphoto.com / adisa Estima-se que mais de 7 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas na França.

Quinze anos depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) colocar como meta a erradicação da fome e da extrema pobreza, os dados ainda continuam alarmantes. Apesar de algumas melhorias, mais de 795 milhões de pessoas ainda passam fome em todo o mundo.

Mas os detalhes não param por aí. Ao todo, um terço de todos os alimentos produzidos no mundo a cada ano, ou cerca de 300 milhões de toneladas, é jogado no lixo. Esse total, que ainda serve para o consumo humano, poderia alimentar mais de 800 milhões de pessoas, segundo dados da ONU. Ou seja, seria possível acabar com a fome.

Para reverter a cultura do desperdício e colaborar para o desenvolvimento mundial, o parlamento francês votou por unanimidade uma medida que força supermercados a doarem os alimentos próximos ao vencimento, mas que já atingiram o limite do tempo para venda. Em outras palavras, eles devem doar aqueles produtos que ficariam nas prateleiras até não poderem mais ser consumidos.

Estima-se que, só na França, 7,1 milhões de toneladas de alimentos vão parar no lixo, sendo que 67% é por parte dos consumidores, 15% em restaurantes e 11% das lojas. Se considerar toda a União Europeia o valor sobe para 89 milhões de toneladas.

Fim da cultura do desperdício

Além de acabar com a fome, a proposta de lei busca acabar com a prática de destruir produtos alimentares – eles eram mergulhados em água sanitária para evitar que eles fossem distribuídos.

A nova legislação permite que as pessoas criem associações, com a aprovação do Ministério da Agricultura, para coletar e distribuir alimentos. A ideia é incentivar a solidariedade e o sentimento comunitário nos cidadãos comuns.

Para o governo francês, a lei, que entrará em vigor ainda em janeiro, é uma “medida crucial para o planeta”. O próximo passo é convencer os Estados membros da União Europeia a introduzirem uma legislação semelhante e, depois, incentivar outros países ao redor do mundo. Dessa forma, os vereadores acreditam que é possível chegar mais perto da erradicação da fome e da pobreza extrema.