Que o aquecimento global, a falta d’água, as doenças causadas pelo acúmulo de lixo nas ruas, enfim, os problemas ambientais, a maioria da população sabe que existem e até algumas causas e soluções para minimizar os impactos são compreendidas. Mas, daí até o cidadão se sensibilizar que também tem que tomar uma atitude, o caminho é longo. Nas escolas, isto é bastante discutido. Um dos desafios dos educadores ambientais é o quê fazer para convencer crianças e adolescentes se os adultos em casa não servem de exemplo.

Na área de Educação Ambiental a criança é sempre vista como um agente multiplicador, ou seja, ela é que vai fazer com que os adultos mudem de comportamento. Talvez isto possa ser possível em assuntos que não fizeram parte da infância daquele adulto e que ainda não estão inseridos em seu dia a dia, como por exemplo, fazer coleta seletiva.

Foto: A2img / Du Amorim Atividades que coloquem a Educação Ambiental em prática são mais eficazes para estimular bons hábitos.

As crianças podem incentivar quando as escolas participam destes programas. E aqueles pequenos hábitos, ou melhor, maus hábitos, que os adultos adquiriram ao longo do tempo, como tomar banhos demorados, desperdiçar alimentos, jogar papel no bueiro ou bituca de cigarro, que fazem de forma tão espontânea que parece uma atitude normal? O exemplo do adulto para a criança não será mais significativo do que a explicação do professor? Se olharmos em volta de qualquer grande cidade, poderemos verificar muitos pequenos delitos ambientais e olha que a legislação sobre Educação Ambiental já existe desde 1999, sem contar que há décadas o assunto já é conhecido.

Mas, voltando à questão: como sensibilizar adultos e crianças e realmente conseguirmos uma mudança de comportamento? Diversas Instituições têm realizado eventos onde tentam envolver toda a equipe escolar, incluindo pais e responsáveis, com algumas atividades competitivas que propõem ao vencedor uma premiação. Por exemplo, quem trouxer mais latinhas de alumínio ganha um computador, quem fizer a melhor redação sobre meio ambiente receberá uma bicicleta, entre outros.  Será que isto pode mesmo mudar a relação deste indivíduo com o meio ambiente? Mensurar o resultado dessas atividades é difícil. Eu mesma já participei da organização de algumas e a experiência me fez perceber que isso nem sempre dá certo. Pois, na maioria das vezes o que estimula a participação é só o prêmio e quando se tenta uma ação onde não há nenhuma vantagem, a criança fica desestimulada.

Acredito que ações onde toda a comunidade é beneficiada, podem ser mais eficazes do que uma única atividade que vai premiar, porém será algo momentâneo que provavelmente não irá trazer muitos questionamentos. O importante é que as pessoas envolvidas percebam os resultados. Então que atividades são essas? Aí vão algumas sugestões. Que tal uma horta comunitária? Além de economizar, a escola oferecerá uma merenda mais saudável. Ou um cineclube com temática ambiental, onde todos após se divertirem também aproveitam para conversar sobre os problemas do bairro?

Projetos de monitoramento da qualidade da água são bem interessantes, pois assim os alunos não só conhecem a realidade, mas podem propor soluções. Um jornal ou blog comunitário também é uma alternativa. Assim a comunidade pode não só opinar sobre os problemas do bairro, mas também passa a conhecer a realidade ambiental de perto. Enfim, situações onde seja possível a percepção de que realmente ganharam. Mas não um prêmio, que pode até ter o lado negativo de estimular o consumismo, porém uma melhora na qualidade de vida. Obviamente, essas ações têm que ser contínuas, para que sejam eficazes.

Então, você que é educador ou educadora ambiental, comente aqui sobre suas práticas em EA que estão alcançando bons resultados.