Reprodução / CSIRO, Britta Denise Hardesty As aves confundem os pedaços de plástico com comida.

A crescente poluição dos oceanos está colocando em risco o bem-estar de vários animais ao redor do mundo e esta é uma preocupação global. De acordo com estudo conduzido por cientistas australianos e britânicos, 90% das aves marinhas já ingeriram algum tipo de plástico. O levantamento, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), no último dia 31 de agosto, ainda aponta que esse percentual subirá para 99% até 2050 se os hábitos da população não mudarem.

Os dados indicam que, no início da década de 1960, menos de 5% dos indivíduos entre as aves marinhas tinham plástico no estômago, porém, este número passou para 80% em 2010. Segundo os cientistas, a causa do aumento deve-se ao rápido crescimento econômico e de utilização de plástico descartável no planeta, agravado pelo fato de que esse lixo, que inclui sacolas, tampas de garrafas e fibras plásticas de roupas sintéticas, acaba nos oceanos por não receber o tratamento adequado.

Liderado por Chris Wilcox, da Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Comunidade da Austrália (CSIRO, sigla em inglês), o grupo de pesquisadores analisou estudos sobre a ingestão de plástico por animais entre 1962 e 2012, envolvendo 186 espécies de aves marinhas e incluindo o lixo localizado em seus habitats, seu comportamento alimentar e o tamanho dos seus corpos.

iStockphoto.com / richcarey Os resíduos lançados nos oceanos afetam toda a cadeia alimentar marinha.

As informações coletadas mostraram que cerca de 60% dessas espécies continham resíduos de plástico no sistema digestivo, porém, considerando o índice de poluição dos oceanos, uma correção feita por um modelo computacional avaliou que a parcela de espécies afetadas já seria de 90%, se os levantamentos fossem realizados hoje. Logo, a conclusão foi de que a quantidade de plástico nos estômagos desses animais está crescendo rapidamente.

De acordo com Wilcox, as aves marinhas são particularmente vulneráveis a este tipo de poluição, pois os animais confundem o plástico colorido com alimento e essa ingestão prejudica os intestinos, podendo levar ao envenenamento, perda de peso e, em muitos casos, a morte desses indivíduos.

Contando com a participação de cientistas do Imperial College London, no Reino Unido, o estudo revela que a gestão eficaz de resíduos sólidos pode reduzir a ameaça do plástico nos oceanos. “Pela primeira vez temos uma estimativa global de como o longo alcance do plástico pode afetar as espécies marinhas – e os resultados são impressionantes”, afirmou Chris Wilcox.