Apesar de ser “coisa nossa”, a castanha-do-pará tem a Bolívia como maior exportador, o que evidencia as perdas das oportunidades de exportação do Brasil e o pequeno valor agregado ao produto. Mas, felizmente, a atuação de uma cooperativa no Acre, que faz fronteira com a Bolívia, sinaliza mudança nesse cenário, com a castanha-do- pará liderando o desenvolvimento sustentável.

A Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre), fundada há 16 anos por agricultores empreendedores que atualmente estão na casa dos 80 anos, concentra uma crescente parcela da produção da oleaginosa no estado. Lá, as castanhas são processadas e vendidas tanto para o mercado doméstico quanto para o internacional. Em 2017, o lucro chegou a R$ 30 milhões, quantia suficiente para pagar os 269 trabalhadores e ajudar no sustento de mais de 3 mil famílias da região.
Na mais antiga fábrica de processamento do Brasil, pertencente à Cooperacre, que fica logo depois da capital, Rio Branco, as castanhas são armazenadas, limpas, quebradas, secas e empacotadas. As cascas são usadas para fazer biocombustível, que possibilita abastecer mais de dois terços da energia necessária para a fábrica funcionar.
As famílias que atuam na cooperativa coletam mais de 200 sacos de castanhas por ano e recebem entre R$ 30 e R$ 80 por saco. Como as castanhas-do-pará podem crescer junto com mandioca, bananas, abacaxis e outros tipos de árvores frutíferas, a diversidade propicia o aumento na produção local e, assim, a complementação da renda. Em um assentamento fora de Rio Branco, mais de 200 famílias estão atuando junto à Cooperacre para processar suas colheitas de palmito, abacaxi e outras frutas.

Apoio ao desenvolvimento sustentável

Os investimentos da Cooperacre foram parcialmente financiados por uma série de projetos multissetoriais do Banco Mundial, com foco em apoiar o desenvolvimento rural integrado e sustentável. Os projetos fazem parte de uma série de investimentos da instituição financeira para apoiar parcerias produtivas em diversas regiões do Brasil.
Ao oferecer oportunidades econômicas que incentivam práticas sustentáveis, o governo do Acre reduziu radicalmente os embates entre a conservação do meio ambiente e o crescimento econômico.
A estratégia de apoiar cooperativas de produtores rurais é complementada pelos investimentos municipais em infraestrutura e serviços sociais. Um exemplo foi o planejamento territorial que integra o Proacre (Projeto de Inclusão Econômica e Social e de Desenvolvimento Sustentável do Acre). Nele, quatro comunidades isoladas foram identificadas e selecionadas para investimentos prioritários em água e saneamento, situação que incentivou as pessoas a se mudarem para esses assentamentos — onde eles também têm acesso à saúde e educação —, mudando da agricultura tradicional obsoleta para métodos de produção integrados em terrenos constantemente cultivados.

Castanha-do-pará é aliada da saúde mental

Pequenina no tamanho, grande na importância para uma mente saudável. Apenas uma unidade da castanha-do-pará concentra de 200 a 400 microgramas de selênio, substância considerada promissora na prevenção de várias doenças, entre elas o Alzheimer. A quantidade é bem além da necessidade diária de um adulto — que é de, pelo menos, 55 microgramas do mineral.
A presença de selênio é essencial para a formação de uma enzima chamada glutationa peroxidase, uma das mais poderosas na hora de neutralizar os radicais livres (moléculas que se em grande quantidade no corpo causam, entre outros problemas, a morte de neurônios e a rede formada por eles.