Fibra de caju é reaproveitada para fazer hambúrguer

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Ana Elisa Sidrin Comparado ao de carne bovina, alimento tem apenas metade das calorias.

Diante de um cenário onde tudo deve ser reaproveitado, não faltam iniciativas para diminuir o descarte incorreto de alguns produtos. Se antes esse trabalho era apenas de artesãos, agora já é possível transformar ingredientes que antes iam para o lixo em alimento.

A Embrapa Agroindústria Tropical (CE) desenvolveu um hambúrguer que tem como principal ingrediente a fibra do caju, muito utilizada nas fábricas de suco. Das duas fórmulas apresentadas, uma é projetada para a produção industrial e a outra para a doméstica. Na primeira há a necessidade de incorporar proteína de soja e outros ingredientes. Por isso, é preciso utilizar equipamentos industriais.

No segundo caso, o feijão-caupi, também conhecido como feijão-de-corda, é utilizado como base protéica. A alternativa é considerada uma ótima opção para agricultores familiares, que podem aumentar a renda com o novo produto.

Como o hambúrger é produzido

O processo básico criado pela empresa envolve a lavagem da fibra para redução da acidez e sabor da fruta. Depois há o processamento para redução do tamanho das fibras.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa, em comparação com outros hambúrgueres vegetais disponíveis no mercado, o hambúrguer de caju apresentou excelente aceitação em testes de análise sensorial e de intenção de compra.

A boa notícia não para por aí. O alimento tem apenas metade das calorias do seu similar de carne bovina e é considerado uma boa alternativa para compor dietas com restrição ao consumo de proteína animal, vegetarianas ou veganas.

Conservação do produto

Os hambúrgueres de caju podem ser armazenados congelados, à temperatura de -18 °C, por seis meses. Dessa forma, é possível garantir a qualidade do alimento até que ele chegue ao consumidor final.

A ideia deve gerar valor a toda a cadeia produtiva, que deve aumentar a renda com a produção desses hambúrgueres. Os estudos apontam que, ao final de dois anos, o negócio pode oferecer uma rentabilidade média anual de 43%.

A fibra, que é abundante e barata – ela representa apenas 3% dos custos variáveis de composição do produto –, pode ser aproveitada, ainda, em inúmeros outros produtos, como biscoitos e barras de cereal, dentre outros.