Albatroz, ave marinha.
Foto: Agência Petrobras / Luciano Candisani

Robustos e com um desempenho de voo e sobrevivência semelhantes às águias, os albatrozes vivem nos oceanos a maior parte do tempo e se aproximam da costa para procriar e buscar comida. A descrição do modo de vida dessas aves marinhas não parece esconder dificuldades, mas quando chegam ao litoral para se alimentar várias delas morrem enroscadas em linhas de pesca. E para evitar que as aves sejam diretamente afetadas por essas atividades humanas, um projeto ambiental desenvolve métodos para beneficiar pescadores e aves.

A principal ameaça é a captura não intencional dessas aves marinhas pelos barcos de pesca. Ao tentar capturar krills (conjunto de animais invertebrados semelhantes ao camarão), lulas e outros peixes presos em espinéis – estrutura de 3 mil metros de anzol de nylon com 150 quilômetros de extensão, em média – muitos pássaros se enroscam, se afogam e morrem. De acordo com o oceanógrafo Fabiano Peppe, em entrevista para O Globo, só no Brasil 10 mil espécies morrem dessa maneira. Pelo mundo o número chega a 300 mil vítimas fatais.

Também em entrevista ao O Globo, o Presidente do Sindicato dos Pescadores de São Paulo, Jorge Machado, lamenta o ocorrido. “Dá uma sensação muito ruim pescar por engano uma ave tão bonita e forte. Eu costumava capturar de 30 a 40 albatrozes por viagem”, diz o pescador que enfrenta o dilema diariamente.

Albatroz, ave marinha.
Foto: Agência Petrobras / Luciano Candisani

Para tentar diminuir esses índices, o Projeto Albatroz, criado há 20 anos, busca encontrar soluções para preservar essas aves marinhas que interagem com a prática de pesca com espinéis. O projeto atua na costa litorânea de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e, com o apoio de pescadores locais, visa poupar a vida dessas aves marítimas.

O principal objetivo do trabalho é evitar a morte acidental de albatrozes, os quais já se encontram ameaçadas em extinção. De acordo com a Lista Vermelha da União para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), das 22 espécies de albatrozes existentes no mundo todo, dentre pétreis e pardelas, 17 delas correm o risco de desaparecer. Desse número de aves em situação de perigo, quatro espécies fazem parte da fauna brasileira.

Medidas alternativas para preservar albatrozes

Em 2006, a implantação da Política Nacional para Conservação dos Albatrozes e Petréis, junto ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, foi uma das principais iniciativas do projeto. Foram asseguradas 39 normas para a pesca profissional, dentre elas, inserção de pesos de chumbo maiores nas linhas de pesca (5,5 metros abaixo da linha do anzol), adoção de equipamentos que espantam as aves, além de estabelecer normas do horário apropriado para se jogar os espinhéis no mar, que deve ser lançado somente à noite, quando os albatrozes estão dormindo. As medidas contribuem para reduzir a morte acidental, que hoje é de nove aves por mil metros de anzóis jogados ao mar.

Albatroz, ave marinha.
Foto: Agência Petrobras / Luciano Candisani

Outra medida adotada para ajudar as aves marinhas e os profissionais da pesca em ambiente de trabalho é o uso do toriline, isto é, postes de oito metros de altura fincados na popa do barco nos quais são amarradas fitas coloridas, servindo para espantar as aves. O uso do toriline é regulamentado pela Instrução Normativa Ministerial, normas referentes ao Ministério de Aquicultura e Pesca e do Meio Ambiente. De acordo com o projeto, esta medida reduz em 67% as tentativas das aves em alcançarem as iscas.

Com o patrocínio da Petrobras, o Projeto Albatroz ainda realiza estudos científicos e promove aulas de educação ambiental em escolas e em eventos de forma a criar uma consciência ecológica entre a sociedade para preservar essas espécies de aves marinhas. Tatiana Neves, coordenadora do Projeto em Santos, ressalta que para realizar as atividades, “a ajuda voluntária é fundamental. Os voluntários engrandecem e fortalecem o nosso trabalho”.