Depoitphotos Pesquisadores defendem que, atualmente, há um efeito de “varredura” do solo costeiro.

As constantes intervenções humanas na natureza, da floresta à beira-mar, devem trazer consequências drásticas ao planeta nos próximos anos. Pelo menos é o que defendem os especialistas Andrew Cooper, professor de Estudos Costeiros da Universidade de Ulster, no Reino Unido, e Orrin Pilkey, professor de ciências da terra e dos oceanos na Universidade de Duke, nos EUA.

Os pesquisadores, que recentemente lançaram o livro “The Last Beach”, afirmam que as ações degradantes, juntamente com a elevação dos níveis de oceanos e as tempestades cada vez mais fortes por conta das mudanças climáticas, vêm provocando uma enorme erosão de areia em direção ao fundo dos oceanos. A teoria deles é de que, atualmente, há um efeito de “varredura” do solo costeiro.

Dessa forma, as praias do Rio de Janeiro e de diversas outras cidades do planeta desapareceriam do mapa. Há algum tempo, tsunamis vêm ganhando destaque na mídia de todo o mundo, devido à devastação causada e ao constante estado de alerta em que a população se encontra.

Em dezembro de 2014, por exemplo, tempestades nos oceanos Atlântico e do Pacífico geraram ondas de mais de 15 metros de altura que destruíram defesas marítimas de concreto em praias na Europa, América do Norte e nas Filipinas. Com isso, toda a comunidade acadêmica ficou em estado de alerta para a possível ocorrência de tsunamis nos próximos anos.

No livro, os especialistas defendem que o ideal seria preservar ao máximo as praias como ambiente natural, longe da intervenção humana. Eles afirmam que muros de concreto não são eficientes e, por vezes, aceleram ainda mais a erosão do solo. Para eles, dunas e longas faixas de areia das praias funcionam muito melhor na contenção de tempestades.

Ainda neste contexto, entram as habitações litorâneas. É preciso recuar e desistir de construção de moradias, já que estas desapareceriam juntamente com as praias.

Miami em foco

Com o aumento do derretimento das geleiras, há alguns anos o tema vem sendo debatido. Com uma população de mais de 5 milhões de habitantes vivendo cerca de dois metros acima do nível do mar, Miami é considerada uma das primeiras cidades dos Estados Unidos com risco de desaparecer do mapa.

Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de cidades mais ameaçadas pelas mudanças climáticas coloca a cidade no topo da lista. A previsão é de que se a elevação do nível do mar chegar a 1,2 metros até 2030, a maior parte das praias de Miami serão varridas do mapa.