Alan Azevedo / Greenpeace O fim da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) pode desencadear diversos conflitos e prejuízos para os povos indígenas presentes no local.

Nessas últimas semanas, a Floresta Amazônica ganhou os holofotes por conta de novas determinações do governo federal que, em 24 de agosto de 2017, publicou uma revogação do decreto que oficializa o fim da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), que corresponde a uma área de 47.000 km² entre o Pará e o Amapá.

Entre as principais preocupações a respeito da situação, destaque para um problema destacado em relatório da WWF-Brasil, que explica como esta ação pode desencadear uma série de conflitos entre as partes diretamente envolvidas com a decisão (indústria mineradora, biodiversidade local e as comunidades indígenas).

Isto porque, com a extinção da Renca, atividades privadas de mineração terão permissão para acontecer na região. Com isso, a área — que equivale ao tamanho do estado do Espírito Santo e é rica em ouro e outros minérios — deverá ter suas florestas estaduais entre as mais afetadas. Isso sem contar o prejuízo para os povos indígenas e reservas ecológicas locais.

Como era de se esperar, o momento de grande agitação na política acabou servindo de trampolim para que esta decisão de extinguir a reserva nacional revoltasse milhões de brasileiros. Entre os protestos mais populares nas redes sociais, as hashtags #TodosPelaAmazônia e #TudoPelaAmazônia têm conseguido grande repercussão e apoio.

Nas ruas, o Greenpeace organizou uma manifestação no dia 27, que reuniu cerca de três mil pessoas — entre políticos, artistas e ativistas — na Avenida Vieira Souto, zona sul do Rio de Janeiro. Outras 13 cidades brasileiras fizeram protestos simultaneamente ao evento na capital carioca, com a participação de milhares de cidadãos.

Para piorar, a BBC Brasil divulgou recentemente que as empresas canadenses de mineração já sabiam da extinção do Renca pelo menos cinco meses antes do decreto oficial. Em contrapartida, o Ministério de Minas e Energia se pronunciou, por meio de nota oficial, dizendo que a proposta começou a ser discutida por técnicas do governo ainda no segundo semestre de 2016.

Com a grande repercussão negativa, o Palácio do Planalto confirmou que publicará um novo decreto, apresentando (em detalhes) a forma como planeja preservar a biodiversidade local. Um dos pontos de destaque do novo documento, inclusive, afirma que a mineração não estará autorizada a acontecer em unidades de conservação ambiental e indígena.