Produzidos pela primeira vez no início dos anos 1950, os diamantes sintéticos são mais baratos de fabricar e, claro, mais fáceis de comprar. Até a Meghan Markle usou brincos de diamante cultivados em laboratório em uma excursão em Londres. Leonardo DiCaprio, por sua vez, investiu na Diamond Foundry. Esse mercado aumentou 20% em 2019; mas mesmo assim, ainda não está claro como eles conquistaram seu lugar no mundo da joalheria.

O que é um diamante, afinal?

Límpidos, cristalinos e afiados, os diamantes são conhecidos por sua dureza. Na verdade, eles são a substância natural mais dura do mundo e, embora sejam compostos exclusivamente do elemento carbono, os próprios diamantes são considerados um mineral.

Mas para se formar naturalmente, eles exigem condições precisas: o carbono deve receber 725.000 libras por polegada quadrada de pressão, o que só acontece dentro da Terra e ao longo de bilhões de anos.

Embora frequentemente associemos diamantes a anéis brilhantes e promessas de noivado, a maioria deles não acaba em joias. Apenas 30% dos diamantes naturais passam pelo corte para serem considerados pedras preciosas, de acordo com o Gemological Institute of America (GIA). O restante é utilizado para fins industriais, principalmente como abrasivo, ferramenta para polir e lixar outros materiais. Mas a grande maioria (por algumas estimativas, 98%) dos diamantes não vem desses subprodutos naturais e são principalmente sintéticos.

A história obscura do diamante

Os diamantes nem sempre foram pré-requisitos para noivos apaixonados e não receberam grandes atenções da publicidade até 1947, quando uma das mais antigas e importantes empresas de diamantes, a De Beers, garantiu, com um único anúncio, que se tornassem sinônimos de propostas de casamento promissoras.

Com imagens de esposas em perspectiva sonhadoras ostentando pedras deslumbrantes, a propaganda apresentava o slogan “Um diamante é para sempre”. O resultado? Cerca de 20% das noivas receberam anéis de noivado quando os anúncios começaram, e disparou para 80% em 1990 – uma das campanhas publicitárias de maior sucesso de todos os tempos.

Mas os diamantes sempre tiveram um lado sinistro – associado a conflitos nascidos de uma história de exploração colonial de recursos naturais e ganhos econômicos, às custas da independência e estabilidade dos habitantes de nações ricas em diamantes. Em países como Serra Leoa, República Democrática do Congo e Angola, os diamantes extraídos por meio de trabalhos forçados financiaram grupos rebeldes violentos. Um esforço chamado Processo Kimberley foi estabelecido em 2000 para verificar as origens do diamante e criar um fluxo legítimo de capital para esses países. Mas os diamantes nem sempre podem ser rastreados até sua fonte original. No geral, os processos de certificação não são infalíveis.

De acordo com a Diamond Foundry, a fabricante de diamantes cultivados em laboratório que falamos acima, a versão sintética vem com uma produção de pegada de carbono muito menor, emite menores quantidades de gases de efeito estufa, cria menos resíduos e usa menos água. Produtores contestam essa informação e também argumentam que os diamantes naturais fornecem empregos para as pessoas nas nações em desenvolvimento.

Diamantes cultivados em laboratório

Enquanto trabalhava para a General Electric em 1954, o físico-químico H. Tracy Hall criou os primeiros diamantes sintéticos que puderam ser reproduzidos comercialmente. Eles não foram feitos para jóias, mas como abrasivos voltados para a indústria. Desde então, a tecnologia para “cultivo” em laboratório tornou-se mais avançada e menos dispendiosa.

Hoje, os diamantes sintéticos podem ser criados com técnicas de deposição química de vapor de alta temperatura ou alta pressão. No primeiro método, o material de carbono é colocado em um recipiente de várias camadas e pressionado com força suficiente em todos os lados por bigornas para alterar a estrutura atômica do carbono. Com a deposição de vapor químico, lascas de diamantes existentes são colocadas em uma câmara de alta temperatura onde gases ricos em carbono quebram suas ligações moleculares e o carbono puro se liga às lascas, acumulando-se lentamente como diamante puro, eventualmente transformando “sementes ”em joias de tamanho considerável.

Para o olho destreinado, os diamantes cultivados em laboratório parecem idênticos aos minerados e só podem ser identificados como “cultivados em laboratório” com equipamento de espectroscopia especializado. Ele vem ganhando legitimidade à medida que empresas maiores como De Beers e Pandora começaram a vendê-los.

Por que o natural mantém o apelo?

O marketing do diamante “natural”, no entanto, ainda influencia a imaginação coletiva e desperta o desejo por uma boa história. Michael Fried, CEO de uma bolsa de diamantes online chamada The Diamond Pro, diz que os clientes que escolhem o diamante natural querem sentir que estão comprando algo especial. “Eles são direcionados à história de algo que está na base há bilhões de anos e que foi forjado ao longo do tempo. Tudo puxa o coração das pessoas de uma certa maneira. Os diamantes realmente apelam para o mistério, a tradição. Os diamantes são realmente para sempre – nada se compara a um diamante.”, diz o executivo.

Um espaço para ambos?

Existem muitas razões para escolher diamantes cultivados em laboratório ou naturais, mas os especialistas dizem que nenhum dos dois vai vencer tão cedo, já que ainda é forte o espelhamento do mineral com valores humanos nobres. Mas, cada vez mais os jovens estão interessados em fazer o que consideram uma escolha mais ética, especialmente os millennials. Em 2019, as vendas de diamantes brutos e polidos diminuíram entre 10% e 25%.

Mesmo que certas preferências dos consumidores pela versão natural permaneçam, a Terra tem uma quantidade finita de diamantes (que alguns especulam que pode acabar por volta de 2050 ou pelo menos trazer brechas dramáticas de abastecimento nas próximas décadas). Já há uma previsão de redução anual de 8% no fornecimento de diamantes naturais a partir de 2021.

No final das contas, o fato é que a indústria de diamantes naturais não poderá continuar minerando para sempre simplesmente porque eles tendem a desaparecer nos próximos anos. Por mais que a corrente a favor da versão “original” pareça tão resistente quanto o próprio mineral, é bom encontrarmos outra característica para traduzir a sua essência. Em um futuro bem próximo, eles já terão um novo e definitivo habitat.