O Brasil bateu novo recorde em 2013 com a fabricação de veículos leves. Montadoras colocaram 3,74 milhões de unidades circulação Brasil a fora no ano passado. Um aumento de 9,9% em relação ao ano de 2012. Como podemos “olhar” este recorde no contexto da sustentabilidade?

Vamos começar pelos aspectos positivos. Sim, eles existem e um primeiro ponto muito importante diz respeito às emissões de poluentes. Os novos modelos já estão equipados com motores que possuem tecnologias que reduzem drasticamente a emissão de poluentes na atmosfera e com combustíveis mais eficientes e menos poluentes. Estes fatores reduzem muito os efeitos da poluição, principalmente nos grandes centros e áreas com intenso fluxo de veículos.

Um segundo ponto positivo é que muitas “partes” dos novos veículos são fabricados a partir de matérias primas naturais ou de reciclagem, como partes dos bancos (com uso de fibras de coco), tapetes (materiais plásticos reciclados), forrações, painéis e consoles (garrafas PET), entre outros pontos, o que reduz o uso de o petróleo na produção desses mesmos componentes. Estas ações, por parte das montadoras, são reflexos de legislações cada vez mais severas. Países como EUA e Japão já saíram na frente nesta questão.

Veículos leves
Foto: abla/a>

Na Europa, por exemplo, a partir de 2015 as montadoras terão que fabricar veículos com 95% de reutilização ou reciclagem. No Japão, o índice exigido será de 70%. Estes países, portanto, têm imenso interesse quanto ao destino destes materiais em veículos que cada vez mais tem “tempo de vida” menores.

É justamente este aspecto do destino após o uso dos veículos o principal ponto negativo para a questão da sustentabilidade. As perguntas que muitas autoridades e grupos que atuam na questão se fazem são: O que fazer com esta “montanha” de materiais após o uso? Para onde destinar todos estes resíduos?

No Brasil ainda temos uma frota de veículos considerada velha, com veículos com mais de 20 ou 30 anos ainda em circulação. Sabemos que as condições gerais de muitos deles é precária, com sérios problemas, como altos índices de poluição atmosférica, consumo excessivo de combustíveis. Ao final da vida, o que fazer com todas as partes destas sucatas?

O que queremos chamar a atenção é que problemas potenciais podem se transformar em oportunidades de negócios nesta cadeia que tende a crescer no Brasil e ainda gerar uma quantidade expressiva de novos produtos a partir da reciclagem.”

É neste ponto que chamo a atenção das imensas potencialidades no Brasil em diferentes setores da cadeia automobilística. Há uma enorme gama de empreendimentos sustentáveis, com ganhos mútuos. Tanto para uma redução dos problemas cada vez mais complexos desta cadeia produtiva bem como vantagens para poupar recursos naturais.

É muito comum nas nossas cidades vermos carros (ou sucatas) abandonados em plenas ruas e avenidas, ou mesmo pátios de órgãos de governos completamente lotados automóveis abandonados. Estes materiais poderiam (e devem) ter uma destinação correta, com ganhos para toda a sociedade.

Empreendedores ambientais têm nesta cadeia uma grande quantidade de potenciais ganhos, com reflexos positivos para o meio ambiente e nossa própria sociedade. A reutilização ou mesmo a reciclagem destas “sucatas” melhoram nossas cidades, pois dessa forma ruas e avenidas serão desobstruídas e pode haver geração de empregos no setor de gerenciamento de resíduos sólidos.

O que queremos chamar a atenção é que problemas potenciais podem se transformar em oportunidades de negócios nesta cadeia que tende a crescer no Brasil e ainda gerar uma quantidade expressiva de novos produtos a partir da reciclagem.

E essas transformações não estão só presentes na cadeia automobilística, mas também no setor de eletro-eletrônicos, de baterias e pilhas, lâmpadas, entre outros.

Somos os agentes de mudanças, e precisamos estar atentos a potenciais negócios na área da sustentabilidade para trazem ganhos mútuos.