© Depositphotos.com / w20er A falta de água já compromete e pode comprometer ainda mais o futuro da humanidade.

O dia 22 de março, quando se comemora o dia mundial da água, foi pautado por dados alarmantes sobre as ameaças que pairam sobre esse recurso fundamental para a existência da vida na Terra.

As reservas mundiais de água potável no planeta se reduzem na medida em que a industrialização e a urbanização avançam e a população aumenta. Atualmente, mais de 663 milhões de pessoas não têm água potável disponível e aproximadamente 1400 crianças morrem diariamente em todo mundo devido a enfermidades relacionadas com a ausência de água e saneamento.

Inúmeros estudos e relatórios realizados desde 2015 pelas Nações Unidas, Unicef e organizações ambientalistas concluíram que há escassez de água em todos os continentes devido, particularmente, à ação dos seres humanos como: o uso irracional do recurso, o desmatamento das nascentes dos rios e as mudanças climáticas. De acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) até 2050 a demanda de água dos países menos desenvolvidos crescerá em 55%, o que tende a agravar o risco de conflitos entre países.

No Brasil a situação não é menos preocupante. O Nordeste enfrenta a pior seca prolongada registrada na história desde 1910, quando começou o monitoramento na região. Já é a maior seca dos últimos 100 anos. No Rio Grande do Norte, 92% dos municípios se encontram em situação de emergência, na Paraíba são 76% e no Ceará e Pernambuco, 68%. Somando-se os estados do Nordeste com o norte de Minas Gerais, são 23 milhões de pessoas afetadas pela seca.

Falta de água e o aquecimento global

As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global são responsáveis diretas por essa situação que tende a piorar se não forem adotadas medidas urgentes, sendo a mais importante a diminuição radical do lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera. Se medidas enérgicas não forem adotadas, a ONU prevê que até 2030 quase a metade da população mundial estará vivendo em áreas com escassez de água.

Embora o aquecimento global seja um dos mais importantes fatores na escassez de água, há ainda dados também alarmantes relacionados com o seu uso e a distribuição desigual, que revelam uma sociedade globalizada que desperdiça e contamina diariamente milhões de litros de água com o objetivo de atender a um consumismo desenfreado e satisfazer às necessidades de pessoas e povos mais abastados.

No entanto, são as pessoas dos países mais pobres, que habitam as zonas rurais e a periferia das cidades, os que mais sofrem as consequências da falta de água e sua contaminação.

A falta de disponibilidade de um recurso tão necessário para a vida tem consequências catastróficas para o bem-estar, a saúde e oportunidades que as pessoas terão ao longo de suas vidas. As mulheres e meninas são as mais prejudicadas. Sobre elas recai a principalmente a carga que representa o recolhimento da água para o consumo doméstico. Muitas meninas deixam de frequentar a escola por esse motivo.

O acesso à água potável é um direito humano básico, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas, e, portanto, é condição para que se exerçam os demais direitos humanos. Por isso, defender o direito humano à água é importante e sua decorrência é a defesa da gestão pública da água. Os que administram esse recurso, por sua vez, devem trabalhar por uma gestão sustentável dos recursos hídricos, buscando melhorar o equilíbrio entre a natureza e as necessidades das pessoas e das comunidades. No entanto, também é importante que as pessoas assumam sua própria responsabilidade e mudem seus hábitos de consumo para alcançarmos um uso eficiente deste recurso essencial para a vida.

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Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela UNICAMP. É especialista com pós-graduação em Ciências Ambientais pela USF. Foi professor e coordenador de curso em várias instituições de ensino, entre as quais: Mackenzie/SP, USF/SP, UNIP/SP, UNA/MG. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Sociológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Administração, sustentabilidade, política pública, responsabilidade social, gestão ambiental, turismo. Recebeu em 2015 certificado de Menção Honrosa em reconhecimento à excelência da produção científica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem inúmeros livros publicados em sua área de atuação pelas Editoras Atlas, Pearson e Saraiva entre outras.