iStockphoto.com / kabby Projetos apresentados mostram que é possível ter um país mais verde.

Evento já conhecido fora do país, o Sustainable Brands teve sua versão pocket em São Paulo durante a Virada Sustentável 2015. Além de debates sobre temas que assolam o meio ambiente, algumas empresas apresentaram ações que vêm tornando o mundo dos negócios mais sustentável.

Uma delas foi a Ambievo, sediada em Jundiaí. A empresa desenvolveu uma tecnologia brasileira para separar o solo de óleos tóxicos usando uma substância encontrada na casca da laranja, o terpeno. Para quem não conhece os terpenos são hidrocarbonetos compostos de carbono e hidrogênio, e a casca da laranja é rica em um tipo desta substância, o óleo essencial D-Limoneno.

iStockphoto.com / BobYue Ambievo desenvolveu plataforma para descontaminar solos.

Ao potencializar a ação do terpeno, Fernando o transformou num desengraxante natural tão poderoso quanto os produtos químicos usados para o mesmo fim. A tecnologia batizada de Recoy funciona toda dentro de um caminhão. O solo passa por um processo circular fechado e volta à sua condição original. O óleo dependendo das condições, também pode voltar ao mercado.

“Foram seis anos de pesquisa para chegar à fórmula. Nossa planta móvel é capaz de limpar 20 toneladas de solo por hora”, conta o engenheiro químico Fernando Pecoraro, CEO da Ambievo. “As outras tecnologias fazem o transporte do solo, o que é caro e pode causar sérios impactos ambientais”, completa, lembrando que, todos os anos, cerca de 80 milhões de toneladas de solo são contaminadas por óleo.

A tecnologia usada pela Ambievo ganhou o apoio da empresa de capital alemã Haver & Boercker e do Banco Santander. Também foi premiada pelo programa americano Launch, uma plataforma que identifica e acelera inovações que possam melhorar o planeta. A Ambievo concorreu com 60 projetos de 12 países.

Assista ao vídeo para entender o processo do Recoy:

Logística reversa

Reprodução / Facebook WiseWaste desenvolve estratégias pensando no pós-uso dos produtos.

Pensar no pós-uso das embalagens que adquirimos ao longo da vida levou Gui Brammer a fundar a WiseWaste há três anos. Ele contou que, ao longo da vida, o ser humano vai produzir cerca de 40 toneladas de resíduo. “Lixo é erro de projeto. Nada é desenvolvido pensando no pós-uso e parece que produzirgerando resíduo é algo comum e não deveria ser”, comenta Brammer.

O CEO apresentou alguns projetos. Um deles foi o ProLata, que teve o objetivo de transformar catadores em fornecedores para siderúrgicas em 11 estados brasileiros. A WiseWaste também fez parte do projeto Natura Sou. As embalagens, além de fomentar o consumo consciente, viram itens de outros produtos da marca, por exemplo.

A marca Tang também contou com a parceria da empresa de Brammer. “A embalagem trazia três tipos diferentes de materiais na mesma embalagem e todos foram transformados em instrumentos musicais e distribuídos pelas escolas”, contou o CEO. O próximo passo é transformar lixo eletrônico em móveis desenhados pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum. Os itens estarão à venda na loja Opa.

“É preciso repensar o processo do produto. Por que uma garrafa pet precisa conter tantos tipos de diferentes de polímeros, por exemplo? É preciso separá-los antes de reciclar e o processo é caro e demorado. Precisamos entender que menos é sempre mais”, finalizou.

Óleos extraídos de microalgas

A apresentação de cases terminou com a palestra de Genet Garamendi, vice-presidente da Solazyme para Comunicação Corporativa e Sustentabilidade. A empresa aposta em microalgas para extrair óleos mais saudáveis e que podem ser usados em diferentes setores da indústria.

“O petróleo é o recurso mais usado e agora encontramos novas fontes para o mercado”, comemora Genet. A microalga é a ancestral de todas as plantas e o tipo utilizado na Solazyme foi encontrado na seiva de uma castenheira na Alemanha. Para extrair o óleo as microalgas são depositadas num tanque de fermentação e alimentadas com açúcares para ficarem inchadas.

Reprodução / Solazyme Solazyme extrai diferentes óleos de microalgas.

A vice-presidente lembra que o óleo extraído das algas passa por um processo amigável, pois não faz uso de água, apenas de fermentação. “Também nossas microalgas produzem diferentes tipos de óleos e conseguem ser oito vezes mais produtivo do que o óleo extraído da amêndoa”, completa.

Como a maior planta da empresa está localizada aqui no Brasil, as microalgas são alimentadas com cana-de-açúcar entre outros ingredientes. Após a extração, o que resta da alga também é reaproveitado. “Percebemos que no Brasil há uma aceitação maior por novos ingredientes do que nos Estados Unidos, conta Genet. O material pode ser usado em setores como indústria automotiva e cuidados pessoais. Na edição do Sustainable Brands que aconteceu no Rio de Janeiro este ano, a Solazyme apresentou uma prancha de surf feita de algas.

Genet conta ainda que o óleo das microalgas pode substituir a a gordura da manteiga e dos ovos, preservando o sabor do alimentos. Possui menos calorias e duas vezes mais proteínas e fibras. “Fomos bem sucedidos nesse projeto. E vamos continuar trabalhando e arregaçando nossas mangas, indo para onde o processo nos levar, pode ser no ramo alimentício ou no de cosméticos”, finaliza.