Youtube/ Greenpeace Brasil Após um ano, família tentam reconstruir suas vidas em um novo local;

Há exatamente um ano, na tarde do dia 05 de novembro, próximo à região de Bento Rodrigues, no interior de Minas Gerais, o sistema local de barragem era surpreendido pela força da natureza, dando origem a uma tragédia histórica que mudaria a vida de milhares de pessoas.

Como num piscar de olhos, o município de Mariana desapareceu em meio ao lamaçal rapidamente formado. Daquele momento em diante, os moradores de Bento Rodrigues teriam suas vidas transformadas para sempre com as perdas de parentes, amigos e pertences no desastre.

Para prestar o suporte necessário àqueles cidadãos, as autoridades locais e a mineradora Samarco, responsável pela barragem, se dispuseram prontamente a auxiliar todos os envolvidos no caos instaurado. Mas, afinal: passado um ano desde então, qual o balanço feito sobre todo o ocorrido? Onde aquelas pessoas irão morar e trabalhar? Como vão se recuperar de todo o prejuízo causado?

A construção de “Nova Bento Rodrigues”

Umas primeiras perguntas a serem levantadas após o episódio era justamente onde os antigos moradores da região de Bento Rodrigues recomeçariam suas vidas – uma vez que quase tudo havia sido destruído pela lama. A informação oficial foi de que cerca de 230 famílias foram atingidas no evento, um número expressivo de 600 pessoas que foram diretamente prejudicadas.

Para tratar essa questão, a Samarco se reuniu com os líderes da comunidade de Mariana para criar uma solução que pudesse atender a todos, procurando respeitar as necessidades e preferências destas famílias.

E foi no começo de maio deste ano que uma resolução foi apresentada: a compra de uma área de aproximadamente 89 hectares de extensão, localizada a 8 km de distância da antiga localização da vila de Bento Rodrigues e de propriedade da siderúrgica ArcellorMittal. O local batizado como “Nova Bento Rodrigues” foi escolhido pelas vítimas da tragédia e, em seguida, adquirido pela Samarco.

A princípio, a ideia é de que o município seja inteiramente reconstruído no novo lugar, ou seja, além de moradias, prédios comerciais e de utilidade pública (escolas, hospitais, igrejas etc.) serão erguidos neste processo. De acordo com os construtores, a previsão é de que 100% das obras estejam concluídas até março de 2019.

Atitudes que ajudaram os moradores de Mariana a não serem esquecidos

Pessoas do Brasil e de todos os lugares do mundo têm contribuído, através de diversas iniciativas, para que as vítimas da Barragem de Fundão, como era conhecida, possam – de alguma maneira – recuperar suas vidas. Dentre essas ações, três delas receberam destaque grande no PV, ao longo destes 12 meses.

Série Lágrimas do Rio Doce

As fotografias de Leonardo Merçon, juntamente com uma equipe do coletivo Últimos Refúgios, foram algumas das primeiras iniciativas a abordar o episódio. Na obra “Lágrimas do Rio Doce”, uma série de fotos mostram como a lama avançou sobre Mariana e região, e como a natureza foi atingida no episódio com a devastação da fauna e flora local, além da transformação do Rio Doce, que ganhou um tom de marrom na cor de sua água.

Desta forma, as fotografias puderam, mais do que registrar, alertar a comunidade sobre a contaminação dos peixes, que alimentavam os moradores locais.

Documentário Rio de Lama

No documentário “Rio de Lama: A Maior Tragédia Ambiental do Brasil” o diretor de cinema Tadeu Jungle decidiu focar o vilarejo e o rompimento das barragens de um ângulo diferente. O curta-metragem traz a narração dos sobreviventes do desastre, gravados numa câmera de visão 360°.

Em quase 10 minutos de vídeo, o documentário insere o espectador num ponto de vista impactante, trazendo-o para dentro do cenário devastador de Mariana. Lançado no início de abril no Youtube, o documentário foi disponibilizado também para plataformas de Android (via Google Play) e IOS (via Itunes).

Tijolos de Mariana

Por fim, a empresa Grey Brasil agiu rápido e apresentou uma importante solução que impacta diretamente a vida das pessoas. O lançamento da marca “Tijolos de Mariana” fez com que as toneladas de lama geradas na destruição do município pudessem ser aproveitadas de alguma forma. A resposta para essa questão veio com a adição destes rejeitos em uma nova fórmula de tijolos, que, futuramente, serão usados para a construção da Nova Bento Rodrigues.

Também desta maneira, o projeto deu a oportunidade para muitos dos cidadãos que perderam suas formas de sustento, já que os moradores de Bento Rodrigues serão contratados pela fábrica de tijolos.

Punição aos responsáveis

Foram estimados cerca 20 bilhões de reais necessários para reparar os estragos socioambientais causados pelo maior desastre ambiental da história do país. Este é o valor que os responsáveis terão que arcar para tratar não só o prejuízo dado à comunidade, mas, sobretudo, à natureza local – que também sofreu graves alterações com o evento do dia 05 de novembro.

No campo das leis, não só a Samarco mas outras três empresas (Vale, BHP e Vog Br) foram indiciadas em razão da tragédia, além de dezenas de seus funcionários. Como era de se esperar, o inquérito ainda não foi capaz de definir a resolução de todo o processo, mas segue em andamento para tratar o episódio que deixou mais de 250 pessoas feridas e matou outras 19.

Para acompanhar mais informações sobre o andamento das obras de Mariana, acesse o site da Prefeitura do município.