A pesquisa liderada pela matemática brasileira Aline Soterroni, agora na Universidade de Oxford, apresenta caminhos promissores para o Brasil cumprir as metas do Acordo de Paris até 2050. A análise, publicada na revista Global Change Biology, reuniu 13 coautores de oito instituições nacionais e internacionais.

Segundo os resultados, baseados em projeções matemáticas, soluções baseadas na natureza (NbS) têm o potencial de contribuir significativamente para a meta de emissões líquidas zero. A pesquisa indica que investimentos em NbS poderiam reduzir cerca de 80% das emissões anuais de CO2, totalizando uma média de 781 milhões de toneladas por ano ao longo de 30 anos.

A implementação do Código Florestal, embora importante, se mostrou insuficiente para atingir as metas de longo prazo. O estudo ressalta que apenas 38% da meta de net zero nacional até 2050 seria coberta por esse arcabouço legal destinado às áreas protegidas em propriedades privadas.

A pesquisa destaca a necessidade de esforços além do Código Florestal, enfatizando a importância de eliminar tanto o desmatamento legal quanto o ilegal e aumentar a meta de restauração. Aline Soterroni destaca que essa abordagem pode proporcionar ao Brasil uma vantagem única, permitindo que o país evite investimentos custosos em tecnologias de emissões negativas. 

Desafios e oportunidades para o Brasil no caminho para net zero

Antes de participar da COP-28 em Dubai, Aline Soterroni enfatiza que o Brasil, além do combate ao desmatamento, deve priorizar políticas que vão além do Código Florestal, especialmente para o Cerrado, que enfrenta aumento do desmatamento. Ela destaca que o país, ao corrigir sua NDC e reduzir o desmatamento, está em um momento oportuno para liderar globalmente os esforços climáticos.

A pesquisadora alerta para o fenômeno de “greenwashing”, onde empresas prometem atingir a neutralidade de carbono sem estratégias robustas. Ela enfatiza a importância de uma mentalidade sustentável e de superar desafios, como o lento processo de revisão de artigos científicos.

Aline Soterroni acredita que o Brasil tem diversas oportunidades estratégicas, como a presidência do G-20 e a realização da COP-30. Ela destaca a necessidade de uma visão de longo prazo, utilizando a ciência para embasar políticas públicas, e sugere melhorias no sistema de avaliação de pesquisadores nessa área.

Principais destaques do estudo

  1. A lacuna para zerar emissões brutas do Brasil até 2050 é de 1,481 milhões de toneladas de CO2e.
  2. Investimentos em soluções baseadas na natureza podem zerar 80% das emissões, reduzindo 781 milhões de toneladas anuais de CO2.
  3. A implementação do Código Florestal cobriria apenas 38% da meta de net zero, indicando a necessidade de esforços adicionais.
  4. O Brasil pode ficar até 20 anos sem investir em tecnologias de emissões negativas, destacando uma vantagem única.
  5. Custos para zerar o desmatamento e restaurar 35 milhões de hectares são inferiores aos de tecnologias para suprir a lacuna rumo ao net zero.

Com informações O Eco.