“Será que eles ficaram completamente loucos? É assim que vamos cuidar de nosso Patrimônio Mundial agora? Deixando estrangeiros jogarem bombas sobre ele?”, declarou Larissa Waters, porta-voz do projeto de proteção da Grande Barreira de Corais da Austrália sobre as quatro bombas lançadas em regiões próximas ao recife, na última terça-feira (16) pela Marinha dos EUA.

Grande Barreira de corais da Austrália
Ilha de Hamilton na Grande Barreira de corais, Austrália – Foto: Governo de Queensland/BBC

A ilha vizinha de Townshend seria o destino das bombas sem explosivo, mas como as aeronaves americanas estavam ficando sem combustível, eles decidiram despejar as bombas perto dos corais para garantir a segurança dos tripulantes. A porta-voz das Forças Armadas (autoridade que supervisiona a Marinha americana) dos EUA, que não quis se identificar, afirmou que o avião não poderia aterrissar com tanta artilharia a bordo.

A fonte ainda acrescentou que “foi selecionado um canal profundo e distante dos recifes para minimizar a possibilidade de danos aos corais. No entanto, a artilharia inerte e não detonada se encontra dentro da área da Grande Barreira de Coral, que é um Patrimônio Mundial”. Representando as Forças Armadas, a porta-voz ressalta que o órgão se conscientiza da proporção do impacto e que fará o possível para reverter a tragédia.

Patrimônio Mundial é ameaçado por fenômenos climáticos extremos

Um relatório encomendado pelo governo da Austrália ao Instituto Australiano de Ciências Marinhas revelou que em três décadas os recifes de corais perderam mais da metade de sua área, aproximadamente 50,7%, de um total de 2.900 quilômetros, local que é o lar de diversas espécies de animais, dentre eles, 4 mil tipos de moluscos e mais de 1.500 peixes.

Coroa de espinhos
Coroa de espinhos, parasita do mar que se alimenta do coral – Foto: sicnoticias

Os motivos da degradação da Grande Barreira de Corais, que vem sendo registrada desde 2009, são fenômenos naturais de alta intensidade, como tornados e inundações, que carregam agrotóxicos e fertilizantes para os oceanos prejudicando o bioma, além da presença de coroas de espinhos (estrela do mar tóxica).

A qualidade da água interfere no desenvolvimento dos corais, ainda mais quando a presença de nitrato e pesticidas trazidos da terra para o mar, pelos ciclones, é considerável. Para amenizar os impactos nestes corais australianos o Ministério do Meio Ambiente do estado de Queensland, região onde está localizado o recife, anunciou que vai investir um total de US$ 375 milhões entre 2013 e 2018, como parte de um novo Plano de Proteção da Qualidade da Água do Recife.

O estudo salienta também que a Grande Barreira de corais precisa de 10 a 20 anos para se recuperar, mas adverte que se as degradações continuarem em grande escala, o recife de coral poderá perder metade da sua diversidade atual até 2022.