No Dia Mundial dos Oceanos, celebrado em 8 de junho, a notícia não é das melhores: estimativas dão conta de que o aquecimento global trará impactos significativo para o nível das águas.

As projeções mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) de 2014 indicavam que o pior cenário era de quase um metro de elevação do nível dos oceanos no final do século XXI, em comparação com o período 1986-2005. Mas estudo publicado nas últimas semanas pela Academia de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) alerta que há a possibilidade de que o aumento seja ainda maior: em um cenário otimista,  a previsão média é de 69 cm e de 111 cm se as condições atuais permanecerem.

Em uma projeção baseada no otimismo, é previsto um aquecimento global de 2°C em relação à era pré-industrial (final do século XIX). Esse é o objetivo mínimo do acordo de Paris, na França, assinado em 2015. Mas a Terra já aqueceu cerca de 1°C desde então.

Já um panorama pessimista aponta um aquecimento de 5°C, o que corresponde a manter a trajetória atual das emissões de gases do efeito estufa pelas atividades humanas.

De acordo com os especialistas que realizaram o estudo, a margem de elevação dos oceanos é muito maior: embora o aumento da temperatura global possa ser limitado a 2°C, o aumento no nível do mar pode variar entre 36 e 126 cm. No caso de um aumento de 5°C, há um risco de 5% que o aumento dos oceanos passe dos 238 cm.

Fator de risco

O estudo abrange as estimativas de 22 especialistas nas calotas polares da Groenlândia e da Antártida. O derretimento dessas áreas é um dos principais fatores de risco para o aumento do nível das águas, juntamente com os glaciares e o aumento do volume de água quente nos oceanos, embora seja também o mais imprevisível.

A pesquisa constatou ainda a possibilidade de que o aumento no nível dos mares possa ultrapassar dois metros até 2100, em um cenário de altas temperaturas. Se concretizado, o fato pode resultar na perda de 1,79 milhão de quilômetros quadrados de terras e no deslocamento de até 187 milhões de pessoas, segundo os especialistas, o que teria consequências profundas para a humanidade, ressalta o estudo.

Alterações nos ventos

Outra consequência do aquecimento global é a alteração nos padrões de ventos nos oceanos, o que, consequentemente, altera a formação de ondas. Estudo de cientistas de universidades da Austrália e da Indonésia analisou os dados de velocidade de ventos e altura das ondas de um período de 33 anos, entre 1985 e 2018.

Os pesquisadores identificaram pequenos aumentos na velocidade média do vento e na altura das ondas durante o período. O crescimento mais acentuado ocorreu para as condições extremas do vento, sendo o Oceano Antártico a região mais afetada.

O estudo constatou que os ventos extremos do Oceano Antártico ficaram 8% mais velozes – ou cerca de 1,5 metros por segundo – nas últimas três décadas. Por sua vez, as ondas extremas cresceram 5% em altura no mesmo período, em aproximadamente 30 centímetros.

Caso as alterações nos ventos e nas ondas se mantenham, a pesquisa alerta para significativos impactos ambientais, como inundações costeiras durante tempestades.