iStockphoto.com / moonmeister Combater os gases que causam o efeito estufa faria o países se desenvolver mais.

Conseguir aliar o crescimento do país com respeito ao meio ambiente é um desafio para todas as nações do mundo. Há anos diversos acordos vêm sendo propostos para controlar a emissão de gases poluentes, alguns assinados e colocados em prática, outros que nem chegaram a sair do papel. A questão está em justamente encontrar uma solução para crescer economicamente e socialmente sem prejudicar a natureza… Será possível? De acordo com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, o FBMC, a resposta é sim.

Em estudo apresentado e enviado à Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, o FBMC afirma que o Brasil pode crescer se conseguir reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa. A pesquisa intitulada “Implicações Econômicas e Sociais: Cenários de Mitigação de Gases de Efeito Estufa (IES-Brasil)” foi coordenada pelos professores Emilio La Rovere e Luiz Pinguelli Rosa, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Dados levantados dentro do estudo apontam que o país poderia gerar até R$ 609 bilhões a mais de PIB (Produto Interno Bruto) até 2030, tudo isso se adotar medidas mais rígidas no controle dos gases que provocam aquecimento global. Seria preciso investir em ações de mitigação de emissões e incentivar o uso de biocombustíveis, assim como realizar investimentos mais pesados em transportes. Outras estratégias, como a agricultura de baixo carbono e maior utilização de carvão vegetal nas indústrias siderúrgica também fazem parte de uma economia mais verde.

“A gente colocou essa ferramenta na mão de um conjunto de pessoas do governo, das ONGs, do setor produtivo, centrais sindicais e, com isso, a gente teve uma discussão para formular diversos cenários. O que emerge daí [do estudo] são conhecimentos importantes para o debate sobre o futuro da economia brasileira”, disse La Rovere à Agência Brasil.

Importante ressaltar que este estudo também avaliou e apresentou um cenário dos possíveis impactos da redução da emissão de gases sobre as riquezas do país, assim como sobre o desemprego da população, nível de investimentos, índice geral de preços, saldo da balança comercial e ainda o consumo das famílias. Estas comparações foram possíveis após análises dos efeitos do cenário atual.

Planos para o futuro?

Para conseguir aliar este crescimento no PIB com a redução na emissão de gases poluentes seria preciso aplicar metodologias bem definidas, como no cenário de média ambição (MA1) com investimentos calculados em R$ 99 bilhões até 2030, assim para alta ambição (MA2) já na casa dos R$ 372 bilhões. Nesta linha, o aumento do emprego impactaria no consumo e consequentemente no crescimento do PIB de R$ 182 bilhões para R$ 609 bilhões no mesmo período.

“Um dos méritos desse projeto é mostrar que pode haver crescimento no país e aumento do nível de emprego em um cenário de economia verde, com redução da emissão de gases de efeito estufa. Um estudo análogo poderá ser aplicado em outros países para enfrentar o aquecimento global”, disse o professor Luiz Pinguelli Rosa.
Segundo a ministra Izabella Teixeira, “Trabalhamos essa questão de buscar a ciência para dialogar com o desafio que a área ambiental tem, que é expressivo, para desenvolver uma nova competência para o processo decisório de desenvolvimento. Hoje falta discutir nova governança do clima”, afirmou.