O chamado carsharing, modelo de compartilhamento de carros por meio de aluguel, tem conquistado cada vez mais espaço pela praticidade que oferece e, ainda, traz grande benefício ao meio ambiente.

Estudos apontam que um carro compartilhado retira, em média, de nove a 13 automóveis das ruas. Quanto menos veículos em circulação, menos trânsito, o que resulta em menor emissão de gases poluentes e, consequentemente, na melhora da qualidade do ar. Estima-se que pelo menos 5 milhões de pessoas no mundo já utilizam esse sistema, segundo dados compilados pelo World Resources Institute.

No Brasil, a iniciativa teve início em 2010 e vem ganhando cada vez mais força, com a prestação desse serviço sendo feita, em grande parte, por startups. Atualmente, elas operam com cerca de 8 mil veículos e têm 230 mil usuários cadastrados, a maioria em São Paulo.

Um aplicativo de compartilhamento de carros pode ser feito tanto pelo modelo de locadoras, com frotas próprias, ou pelo modelo conhecido como peer to peer, em que se usam os veículos dos próprios usuários.

Na primeira opção, uma empresa disponibiliza sua frota em diversos pontos espalhados pela cidade. O usuário pode pegar o carro em qualquer um desses locais e, depois que usá-lo, devolvê-lo no mesmo lugar.

Já na segunda alternativa, pessoas que possuem carro, mas pouco o utilizam, podem colocar o automóvel para alugar. As plataformas fazem uma checagem de informações para cadastrar usuários, o que pode envolver situação junto ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito), antecedentes criminais, entre outras questões.

Contribuição ambiental

A redução do número de veículos nas ruas e também das emissões de poluentes, com a adoção do sistema de carro compartilhado, foi mostrada em estudo feito pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, realizada em cinco cidades, ao avaliar hábitos de transporte e compra de veículos de mais de 9.000 membros da rede de uma empresa do setor, estimou-se que cerca de 28.000 veículos foram retirados das ruas. Ainda segundo o levantamento, a redução nas emissões para cada família que utiliza o serviço chega a até 18%.

Com a menor quantidade de carros nas vias, maior a contribuição para a preservação do meio ambiente, já que os automóveis representam mais da metade da emissão de gases efeito estufa. Na capital paulista, por exemplo, conhecida por seu intenso tráfego,estudo do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente) revelou que os automóveis são responsáveis por 72,6% desses lançamentos, que exercem grande influência no aquecimento global.

Agentes poluidores

O material particulado (MP), por exemplo, é um poluente crítico no território paulista. Imperceptível a olho nu, ele afeta o pulmão e pode causar asmas, bronquite, alergias e outras graves doenças cardiorrespiratórias.

As emissões de MP geradas pelos ônibus (4,9 mg por passageiro a cada quilômetro) são quase quatro vezes menores que pelos carros (18,5 mg) e quase 3 vezes menores que pelas motocicletas (13,4 mg).

O mesmo ocorre para outros tipos de poluentes atmosféricos, como monóxido de carbono e hidrocarbonetos não-metano, com os automóveis como os principais emissores.
O estudo também analisou a quilometragem percorrida pelos diferentes modos de transporte e constatou que os carros são responsáveis por 88,1%, as motocicletas por 9,1% e os ônibus por 2,8%.

Futuro mais sustentável

Um estudo da consultoria PwC prevê que, até 2030, um em cada três quilômetros de tráfego no mundo serão rodados em veículos compartilhados, com aumento também para o uso de carros elétricos (que reduzem sensivelmente a poluição urbana). O sistema mostra seu potencial não só para ser o futuro da mobilidade, mas também do meio ambiente.