Uma alarmante quantidade de resíduos plásticos – 3,44 milhões de toneladas anuais – provenientes dos 5.570 municípios brasileiros estão potencialmente a caminho do Oceano Atlântico, de acordo com um balanço recente publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin. Isso equivale a cerca de 344 mil caminhões carregados de lixo. A constatação destaca que cerca de um terço das 10,33 milhões de toneladas de plástico produzidas nacionalmente não é gerenciado adequadamente.

Esse cenário coloca o Brasil como o 16º maior poluidor dos mares e oceanos e um dos principais geradores globais de resíduos plásticos de uso único. Os municípios que mais contribuem para esse problema são Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Salvador. Quando se analisa a quantidade de lixo por pessoa, os líderes são Arroio do Sal e Xangri-lá (RS), Ubatuba e Bertioga (SP).

Regiões como a Baixada Santista (SP), a Lagoa dos Patos (RS), a Baía da Guanabara (RJ), a foz do Rio Amazonas (AP/PA) e o delta do Parnaíba (PI/MA) são identificadas como áreas de alto potencial para a poluição marinha. Os resíduos plásticos podem alcançar o oceano por meio de sistemas de drenagem urbana, esgoto, córregos e rios. A probabilidade de transporte de lixo plástico no território brasileiro é baixa a média, mas aumenta especialmente nas regiões costeiras.

Este estudo faz parte do programa Blue Keepers, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) destinada a compreender e combater a poluição plástica em rios e oceanos. Um mapa revela a relação entre a tonalidade mais escura dos municípios e a quantidade de lixo plástico mal gerenciado.

Com uma crescente preocupação sobre a crise do lixo nos mares e oceanos, mais de 60 organizações da sociedade civil lançaram recentemente a campanha “Pare o Tsunami de Plástico”. Essas organizações buscam acelerar a aprovação do Projeto de Lei 2524/2022 pelo Congresso. O projeto propõe as bases legais para implementar uma “economia circular” do plástico.

De acordo com a Oceana Brasil, uma das ONGs envolvidas, essa proposta visa acabar com a produção de plásticos descartáveis e estabelecer que todo produto industrializado desse tipo deve ser reutilizável, reciclável ou compostável. Segundo a ONU, entre um a dois caminhões de lixo plástico são despejados nos mares e oceanos a cada minuto em escala global. Essa poluição representa uma ameaça tanto para os ecossistemas naturais quanto para a saúde humana, visto que cientistas já identificaram microplásticos presentes no leite, placenta, pulmões e sangue humano.

Com informações O Eco.