istock.com / PointImages A técnica pousio consiste no descanso intencional do terreno para que o solo se recupere adequadamente, enquanto a rotação de culturas permite a mudança da criação de alimento na mesma terra.

O resgate crescente das técnicas agrícolas conhecidas como pousio e rotação de culturas é um movimento resultante de uma conscientização cada vez mais ampla a respeito da importância de preservar a natureza e criar alimentos mais saudáveis para a população.

Essas técnicas, utilizadas na agricultura tradicional e que por muitos anos foram anos ignoradas em prol do crescimento da agricultura moderna, vêm se mostrando capazes de incrementar a economia e restaurar os pequenos agricultores para as áreas rurais, onde cultivam para sua subsistência e própria renda.

A técnica do pousio

Mais do que não utilizar maquinários, inseticidas ou fertilizantes e de resgatar o trabalho humano, a técnica do pousio traz os primórdios agrícolas realizados há milhares de anos.

O pousio respeita as condições naturais da terra, as particularidades dos alimentos e o local onde eles estão plantados. A técnica impede o desgaste do solo — já que, após o plantio de uma cultura por um determinado período, há um descanso estratégico da plantação para que o solo consiga se recuperar adequadamente.

Essa atitude permite que haja recuperação da bioestrutura do local, maior profundidade de enraizamento e qualidade de nutrientes para um futuro plantio. Alguns agricultores que realizam o pousio plantam espécies arbóreas para ampliar a regeneração da região, elevando o número de nutrientes minerais e a diminuição de doenças e ervas competidoras, pelo efeito da rotação.

O período de entressafra e descanso do solo não significa, necessariamente, falta de cultivos: por mais que ocorra uma pausa entre a produção agrícola, é perfeitamente viável que haja diferentes espécies vegetais, que podem ser úteis não apenas para o solo como para as famílias.

Como é feita a rotação de culturas?

Com a implantação crescente da agricultura moderna logo no início da Revolução Industrial, a rotação de culturas foi caindo em desuso até ser redescoberta atualmente pelo resgate da agricultura tradicional como criação sustentável e orgânica.

A rotação de culturas permite a mudança da criação de alimentos na mesma terra, sendo que a cada temporada ela realiza a otimização dos recursos naturais do solo e do ecossistema ao redor, garantindo o enriquecimento de seus nutrientes e maior qualidade produtiva.

Com a rotação de culturas, o solo se torna mais rico de nutrientes por receber elementos diferentes em cada período, o que valoriza seus componentes e faz com que a natureza tenha maior amplitude para sua regeneração. O mesmo ocorre com as pragas, que se distinguem para cada espécie de plantas, facilitando um cultivo mais seguro e livre de inseticidas.

Nessa técnica, o agricultor planta uma determinada espécie em uma temporada e, após sua colheita e preparo da terra, inicia a semeadura de outro tipo de planta, bem diferente da anterior — mesmo que pertençam à mesma família botânica. A técnica utiliza a própria natureza e seus elementos biológicos para obter seus produtos, sem que haja qualquer interferência química no manejo.

Para obter maior vantagem desse tipo de cultivo, é indicado que sejam intercalados tipos de criação, com exigências distintas umas das outras e que permitam a real renovação do solo e de seu ecossistema.