São Paulo
Foto: Stankuns

As cidades são responsáveis pelo maior consumo de recursos naturais devido à alta concentração populacional. Segundo o levantamento demográfico do IBGE em 2010, aproximadamente 84% dos brasileiros vivem em áreas urbanas. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até 2050 dois terços da população mundial residirá em zonas urbanas, atualmente metade vivem nas cidades.

Esta população demanda: energia, água, madeira, minerais, alimentos e outros recursos para suprir suas necessidades de habitação, transporte e comunicação, que por sua vez, estão diretamente relacionados com a infraestrutura proveniente da construção civil.

Sendo assim, é inevitável alcançar o desenvolvimento sustentável sem tratar das questões referentes ao setor da construção civil, pois além de consumir recursos renováveis e não renováveis, as construções geram resíduos e poluentes que afetam o meio ambiente.

Impacto Ambiental Gerado pela Construção Civil

Construção Civil
Stankuns

No mundo todo são consumidos pelo setor de construção 16,6% de água doce, 25% da extração madeireira e 40% dos combustíveis fósseis. A produção de cimento, no Brasil, emite entre 5% à 8% de CO2, um dos principais causadores do efeito estufa.

De acordo uma publicação do Nature Climate Change, a expansão das áreas urbanizadas provocam as chamadas “ilhas de calor”, elevações nas temperaturas das grandes cidades, em função da ocupação urbana, aumento da poluição do ar, redução de áreas verdes e ventilação urbana insuficiente.

O planejamento urbano e a arquitetura sustentável podem reduzir significantemente os impactos ambientais urbanos, melhorar a qualidade de vida populacional e ainda contribuir para o crescimento econômico do país. Para isso é preciso criar regulamentações, penalidades e incentivos, fomentando a construção civil sustentável.

Processo de Construção Sustentável Brasileira

Tijolo
Fabio_dsp

Segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o Engenheiro Vahan Agopyan, a partir do início da década de 90, após a Conferência RIO 92, aconteceram as primeiras iniciativas da construção sustentável brasileira. O mestre em Engenharia Urbana e de Construções Civis, especialista em materiais e componentes, cita que na época foram feitos estudos referentes à produção de entulhos, reciclagem dos materiais provenientes da construção e redução de consumos energéticos da edificação.

Dentre as considerações da Agenda 21, documento resultante do RIO 92, sobre os objetivos da construção ecológica, cabe destacar a visão global de todo o processo construtivo, desde a extração das matérias-primas e fabricação dos componentes, a valorização da mão de obra, os processos de construção das edificações, os resíduos gerados, até a utilização, manutenção, reutilização e demolição das edificações.

Fachada Rochaverá
Foto: SPCorporate

A princípio as construções sustentáveis no Brasil tiveram foco nos recursos naturais limitados, por isso os projetos arquitetônicos incorporaram técnicas para a economia de energia e redução do consumo de água. Com o crescimento dos fabricantes de materiais ecológicos, a ênfase dos projetos passou a abranger os componentes e processos construtivos. Até então eram pautadas apenas as questões ambientais, aos poucos economia e sociedade ganharam importância no desenvolvimento sustentável das construções. Por fim, aspectos culturais de patrimônio histórico foram anexados ao conceito de construção sustentável.

Atualmente o Brasil é o 4° país com mais empreendimentos sustentáveis construídos, ao todo são 526 construções que receberam certificações ambientais, entre 2007 e 2012, de acordo com o Green Building Council. Os Estados Unidos lideram o ranking mundial com 767 edificações verdes, construídas ao longo de 15 anos, seguido pela China e Emirados Árabes Unidos. Contudo, o processo de certificação ambiental brasileiro é recente, o país prevê um vasto crescimento no setor de construção sustentável nos próximos anos.

Certificados Ambientais de Construção Civil

LEED
Foto: interiorguards

Durante a Conferência das Nações Unidas de 1996, que aconteceu em Istambul, na Turquia, especialistas se reuniram para definir propostas para o desenvolvimento sustentável na construção civil. Organizações governamentais e privadas passaram a criar regulamentações, normas e incentivos para fomentar a construção civil sustentável. Os países pioneiros foram: Alemanha, França e Suíça.

As certificações ambientais passaram a ser implementadas, primeiramente nos países europeus, posteriormente nos Estados Unidos e Canadá, abrangendo atualmente o Japão, Austrália, México e outros países.

Estes “selos verdes” da construção civil visam reduzir os impactos gerados pela edificação, através da orientação do projeto e fiscalização das obras, mensurando os resultados obtidos.

A principal certificação ambiental, presente há cinco anos no Brasil, é o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), desenvolvido nos Estados Unidos após a criação do Green Building Council, conselho para edificações sustentáveis. O selo ambiental que foi lançado em 2000, hoje é uma das principais certificações mundiais abrangendo mais de 30 países.