iStockphoto.com / lzf Casas com poucas ou estreitas aberturas são mais abafadas.

No dia dezessete de outubro, num sábado, os brasileiros adiantaram uma hora dos seus relógios para a chegada do horário de verão. Esta estação do ano ainda não chegou oficialmente, mas muitas regiões no país já sofrem com as altas temperaturas. Assim como preparamos nossa casa para a chegada do frio, também precisamos prepará-la para o calor. Os meteorologistas alertam que o ano de 2016 será marcado por muitos recordes de temperatura. Esta é a natureza respondendo ao descaso do ser humano pela vida no planeta. Mas sempre se deve manter a esperança de que, através de pequenas ações, realizando medidas ecologicamente corretas e divulgando os benefícios de se manter uma vida mais verde, aos poucos poderão se reverter estes problemas.

Existem algumas medidas fáceis de adotar para que uma casa seja mais fresca, arejada e menos abafada e quente. Instalar um aparelho de ar-condicionado é sempre bem tentador, mas não é a melhor solução, pois não há a renovação do ar nos ambientes que, por sua vez, não é algo bom para a saúde dos ocupantes. Ainda tem o alto consumo em energia elétrica, que pesa bastante no bolso do contribuinte, ainda mais em tempos de crises e de muitos impostos. Melhorar a ventilação natural dos ambientes é uma estratégia importante para se ter lares mais ecológicos.

Os sistemas convencionais de resfriamento que conhecemos devem ser substituídos em breve. Isto porque muitas das substâncias usadas neles são nocivas ao meio ambiente e prejudicam de forma significativa a camada de ozônio. Desde 1987, em um acordo assinado em Montreal, no Canadá, quase 200 países se comprometeram a diminuir o uso de CO2. Somente a cooperação mundial faz a diferença. Mas, infelizmente, os humanos ainda caminham preguiçosamente em direção à conscientização. Todos devem fazer a sua parte e os exemplos corretos não faltam.

Se uma edificação está em fase de projeto, adequá-la a sistemas de ventilação mais eficientes e ecológicos é fácil. Nesta fase pode-se prever a orientação da construção, adequando sua posição no terreno conforme o ciclo solar e o regime de ventos da região. Também se pode optar por modelos de edificações com acabamentos isolantes, com revestimentos em cores claras, lâmpadas em LED, ventilação cruzada, coberturas verdes e sombreamento. Estas pequenas escolhas de projeto fazem a diferença no final entre se ter uma casa de temperatura amena ou uma que sempre necessitará da utilização de sistemas artificiais de ventilação.

Para a movimentação do ar de forma natural, deve-se haver a diferença de pressão e também muitas aberturas na edificação, como portas e janelas. São as chamadas ‘pontes térmicas’. As casas com poucas ou estreitas aberturas tornam-se abafadas, guardando o ar quente e viciado em seu interior. Este ar quente sobe em direção ao forro, devido à diferença de densidade, por isso a maioria dos sistemas de ventilação são posicionados em um nível mais alto. No tipo passivo poderíamos colocar um coletor de ar próximo ao chão que mandasse o ar mais fresco para cima. No inverno bastaria fazer o inverso, mandando o ar quente para baixo. Mas este sistema de recuperação de temperatura precisa ser automatizado, o que geraria gastos elétricos elevados.

O uso da energia solar

Se as únicas opções disponíveis forem os sistemas automatizados, uma solução é o uso de energia solar. Em zonas de muita escassez de água é mais difícil usar um sistema climatizador convencional. Já existem aparelhos que transformam o calor em frio. Também aqueles que transformam o calor em energia. Um exemplo é o ‘Calor Verde’, kit para reciclagem de temperatura lançado por estudantes de grandes universidades em 2012, na Innovation Race, edição Rio de Janeiro. Sistemas assim podem atingir um alto índice de economia doméstica. Infelizmente, eles não são encontrados facilmente no mercado, pois suas instalações são mais caras.

As casas mais confortáveis são as consideradas bioclimáticas ou passivas. Elas têm um design que não necessita de refrigeração nem aquecimento, pois conseguem aproveitar as condições climáticas do lugar e um acondicionamento térmico natural. Algumas características são comuns nelas. Destaca-se, primeiramente, o bom isolamento térmico. Isto se consegue, por exemplo, através do material escolhido para sua construção, como o adobe e a madeira; com as coberturas e fachadas vegetais, que protegem a edificação da radiação solar, aumentam a umidade e renovam o ar; e as mantas e placas isolantes. Algumas casas construídas através do programa nacional ‘Minha Casa, Minha Vida’ estão sendo feitas em aço com espuma ecológica feita em poliuretano, que garante um isolamento acústico e térmico.

Outra característica relevante das casas bioclimáticas são as suas aberturas. As esquadrias são projetadas de modo que impeçam a fuga de calor ou de frio, através do bom acabamento e de vidros com várias camadas. Ao mesmo tempo, estas janelas e portas devem permitir a entrada da luz e da ventilação natural de forma controlada. Ou seja, as correntes de ar cruzam, em sentido vertical ou horizontal, e os ambientes permanecem sempre com o ar renovado. Também a luz do sol só incide internamente em horários e épocas mais adequadas, quando se deseja aquecer a casa e diminuir a umidade.

Mesmo se a residência adquirida não corresponder a estes critérios, pode-se resfriar o ar por métodos menos prejudiciais à natureza do que com o uso de ventilação mecânica ou ar-condicionado. Podem-se instalar ventiladores de teto, que consomem menos energia elétrica; instalar um termostato para monitorar a temperatura e desligar os aparelhos na ausência dos ocupantes do lar; aplicar isolantes em sótãos e porões, para manter a temperatura interna da edificação; ou colocar um sistema de resfriamento evaporativo. Este último consiste em um aparelho de baixo consumo que introduz o ar em seu interior que é resfriado ao passar por um depósito de água. Esta, por sua vez, evapora e produz um ar mais fresco nos ambientes.