© Depositphotos.com / eyematrix Comparando 2015 e 2014, o crescimento do uso de energia limpa foi de 110,76%.

Uma revolução energética está em curso. Em 2015, pela primeira vez, mais da metade da capacidade de energia gerada em todo mundo foi originada de usinas eólicas e solares, superando a produzida por combustíveis fósseis, hidrelétricas e usinas nucleares. Essas informações constam do Relatório Mundial – Renováveis 2016, divulgado pela rede mundial de políticas em energia renovável – REN21 (www.ren21.net).

As usinas solares e eólicas estão competindo com vantagens com as hidrelétricas, por necessitarem de menos investimento, serem construídas muito mais rapidamente do que as grandes barragens e serem muito menos agressivas ao meio ambiente.

As usinas hidrelétricas que geram energia renovável predominam no Brasil como fontes geradoras de eletricidade, fato bastante positivo do ponto de vista do aquecimento global mas que, por outro lado, geram significativos impactos negativos ao meio ambiente onde são construídas as barragens, afetando não somente os ecossistemas, a sua fauna e flora, como expulsam indígenas de suas terras ancestrais.

A recusa do IBAMA em fornecer a licença ambiental ao projeto da Usina Hidrelétrica de São Luiz de Tapajós deve frear a discussão sobre o represamento de grandes rios para a construção desses empreendimentos que provocam grandes impactos sociais e ambientais. Pode ser o início de uma nova época, pois o custo em queda da instalação de energias renováveis, como a solar e a eólica, torna essas fontes mais vantajosas do ponto de vista econômico.

A multiplicação de investimentos do setor privado em todo país em fontes renováveis indica que o processo de conversão do sistema energético tomou um rumo irreversível. A energia solar é a fonte alternativa com maior potencial de expansão devido às características do país que tem alta exposição aos raios solares durante todo ano, e em toda sua extensão.

Uso de energia limpa tende a crescer no país

Estudos do Plano Nacional de Energia (PNE,2050), em elaboração pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estimam que 18% dos domicílios de 2050 contarão com geração fotovoltaica. Deve-se levar em consideração que é um tipo de energia que pode ser produzida nas residências com a instalação de painéis solares nos telhados, uma prática que tende a se disseminar com a diminuição dos custos das células fotovoltaicas. De olho no potencial desse mercado, investimentos internacionais se multiplicam nessa área sendo os mais recentes o das empresas chinesas Shutten Solar e BYD Energy e a canadense Canadian Solar. No início de agosto a empresa cearense Santelisa Embalagens tornou-se a primeira indústria brasileira movida totalmente pela energia solar, obtida de 9.231 painéis fotovoltaicos instalados ao lado da unidade.

A energia eólica vem logo a seguir como alternativa energética do futuro. No Brasil, a geração de energia produzida pelos ventos teve um forte crescimento nos últimos anos. Comparando o ano de 2015 e 2014, o crescimento foi de 110,76% e entre o primeiro semestre de 2016 e igual período do ano passado houve aumento de 55%, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). E neste ano a geração de energia eólica aumentou 55% somente no primeiro semestre em relação com os mesmos meses de 2015.

Relatório divulgado em abril pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) aponta que o Brasil terá um crescimento exponencial de energia eólica nos próximos dois anos e, muito em breve, integrará o ranking dos dez maiores países produtores desse tipo de energia no mundo.

Atualmente a energia dos ventos gera 145.000 postos de trabalho, dos quais 41.000 foram criados em 2015 e com expectativa de que a cadeia produtiva do setor eólico passe a gerar 277.000 empregos até 2019.

Um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade em toda sua história é o aquecimento global, provocado pelos gases do efeito estufa (GEE) como o CO2 e resultado da utilização de combustíveis fósseis. Como a sustentabilidade do planeta está em risco, a utilização de fontes alternativas é a única opção que se apresenta no momento, e entre estas, a solar e a eólica são as mais acessíveis e estão se tornando cada vez mais viáveis economicamente.

A sustentabilidade do sistema energético brasileiro passa, necessariamente, por mais investimentos nessas energias alternativas, melhorando sua eficiência e dotando a matriz energética de redes inteligentes que possam integrar as diversas modalidades (eólica, solar, hídrica) desde a produção ao consumo.
O investimento em pesquisa é fundamental para que aumente a eficiência e diminuía o custo da produção e instalação das usinas de fontes alternativas. E nesse quesito o governo é o ator principal.

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Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela UNICAMP. É especialista com pós-graduação em Ciências Ambientais pela USF. Foi professor e coordenador de curso em várias instituições de ensino, entre as quais: Mackenzie/SP, USF/SP, UNIP/SP, UNA/MG. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Sociológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Administração, sustentabilidade, política pública, responsabilidade social, gestão ambiental, turismo. Recebeu em 2015 certificado de Menção Honrosa em reconhecimento à excelência da produção científica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem inúmeros livros publicados em sua área de atuação pelas Editoras Atlas, Pearson e Saraiva entre outras.