Quando pensamos em mineração, geralmente a primeira ideia que nos vem em mente é a de pedras preciosas como rubis, diamantes, além de metais como ouro e prata, comumente utilizados na produção de joias.

Porém, desde 1970, os cristais e pedras semipreciosas – como os quartzos – têm sido cada vez mais procurados por pessoas em todo o planeta devido às suas supostas propriedades místicas e curativas, com a justificativa de que são capazes de reequilibrar as energias dos corpos e ambientes.

No entanto, poucos se atentam ao efeito que esses produtos estão tendo na vida de comunidades dos países fornecedores, além do impacto ambiental dessa indústria tão lucrativa.

O grande boom dos cristais

De acordo com o The Guardian, a demanda por cristais e pedras preciosas dobrou entre 2016 e 2019, movimentando uma indústria bilionária. Em 2017, o New York Times anunciou “o grande boom dos cristais” e, nos anos seguintes, diversas revistas os descreviam como a maior tendência e saúde e bem-estar do momento.

Desde então, é possível encontrar cristais em diferentes tipos de produtos: lâmpadas, brinquedos sociais, massageadores faciais, garrafas capazes de “energizar” a água, colares, pingentes, anéis e até mesmo brinquedos eróticos. Há um cristal para toda ocasião.

Lado obscuro dos cristais

Apesar do grande crescimento da indústria dos cristais, pouco foi feito em termos de legislação para garantir que a sua comercialização seja feita de maneira justa e certificada. Também não há qualquer regra de transparência como a aplicada nas indústrias que realizam a extração de commodities como ouro e diamantes.

Dessa forma, o garimpo clandestino e o contrabando ganharam espaço na comercialização dos cristais. Isso faz com que, por um lado, o consumidor tenha acesso a preços menores. Em contrapartida, trabalhadores são explorados, terras indígenas são invadidas, ocorrem violações de direitos humanos, aumento da violência e danos ao meio ambiente.

É justamente o cenário que ocorre no Brasil, onde parte da extração de cristais é realizada em garimpos ilegais, com o desmatamento de áreas de proteção ambiental, altos índices de criminalidade e em condições de trabalho análogas à escravidão.

Mas não pense que esse é um problema exclusivo do cenário nacional. Jornais estrangeiros como o The Guardian já denunciaram a ocorrência de situações muito parecidas em países como a África, Madagascar, China e Índia.

Vale destacar que a mineração é conhecida como uma das atividades mais destrutivas do planeta. Os resíduos da mina contêm substâncias tóxicas como arsênico, mercúrio e cádmio que são prejudiciais à saúde pública, peixes e vida selvagem quando liberados no meio ambiente. Sem regulamentação, o problema se torna ainda mais sério, pois não há qualquer controle ou acompanhamento sobre a atividade.

Como proceder

Apesar da cadeia de extração dos cristais e pedras semipreciosas ser extremamente obscura, o setor segue em expansão e as lojas e perfis de instagram seguirão ofertando produtos que utilizam esses materiais, prometendo melhorias no bem-estar físico e espiritual.

Se você for comprar um cristal, se informe sobre a procedência antes. Se possível, dê preferência a locais onde a produção é feita localmente, com pedras extraídas de garimpos próximos que adotem práticas responsáveis.

Outra alternativa é comprar cristais cultivados em laboratórios ou então em lojas on-line que oferecem opções sustentáveis.

Dessa forma, você garante o seu autocuidado e o cuidado com o meio ambiente.

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Fontes: The Summer Hunter | The Years Project | Forage And Sustain