Um assunto que se tem dado uma atenção especial nos últimos anos é a minimização ou reaproveitamento de resíduos sólidos gerados nos diferentes processos industriais. Muitos resíduos provenientes da indústria e comércio de alimentos envolvem grandes quantidades de caroços, cascas, entre outros elementos, que possuem fonte de matéria orgânica, onde se tem grande valor comercial.
A casca de coco é um resíduo que apresenta algumas características que podem gerar problemas ao meio ambiente por ser pesada, possuir o formato arredondado e demorar a se degradar, levando até 10 anos para se decompor na natureza. Mas como uma fonte de matéria-prima, é muito interessante para a indústria da reciclagem.
No Brasil, as maiores empresas que processam industrialmente a água de coco chegam a utilizar 200 mil unidades por dia. Lembrando que a parte dura e fibrosa, que representa 80% do peso total do fruto, vira resíduo.
As empresas têm que se responsabilizar pelo resíduo gerado e, por isso, investem na reciclagem da casca do coco para a produção de pó e fibra, que é constituída basicamente de três etapas:
Trituração
Nesta etapa a casca de coco é cortada e triturada por um rolo de facas fixas. Este procedimento possibilita a realização da etapa de seleção e prensagem.
Prensagem
A casca de coco verde tem aproximadamente 85% de umidade e a maior parte dos sais que estão na casca verde do coco encontra-se em uma mistura líquida. Na prensagem, remove-se 60% da umidade, ou seja, é liberada a água que se encontra livre dentro dos elementos anatômicos, o que acarreta também na remoção conjunta dos sais. A eficiência desta etapa é de grande importância para a perfeita seleção do material na etapa seguinte e também para a adequação do nível da salinidade do pó obtido no processamento.
Seleção
Após a prensagem são separadas as fibras do pó na máquina selecionadora que é equipada com um rolo de facas fixas e uma chapa perfurada. O material é agitado em movimentos circulares (turbilhonado) ao longo do eixo da máquina, o que faz com que o pó caia pela chapa perfurada e a fibra saia no fim do percurso.
Com a técnica de reciclagem da casca do coco verde, a fibra/pó é utilizada pela indústria em aplicações diversas, sendo os principais usos como substrato agrícola (pó de coco, de grande aceitação na Europa para uso em estufas); fibras (usadas na confecção de solados de sapatos, encostos e bancos de veículos, colchões; misturas asfálticas; vasos, placas e bastões para plantas e artesanatos diversos); cobertura morta para a agricultura; fonte alternativa de energia (briquetes); como fertilizante; na geração de biogás; entre outras aplicações. São muitas as possibilidades de aproveitamento.
Uma das aplicações que mais chamam a atenção é na substituição do xaxim por casca de coco em pó/fibra, o que favorecerá muito a diminuição dos riscos de extinção desta espécie de vegetal (as samambaiaçu) no país, que é extraída principalmente da Mata Atlântica.
Uma grande preocupação que se tem é com os resíduos gerados nas praias brasileiras, cerca de 70% do resíduo são provenientes da casca de coco verde que é consumido in-natura, sendo que a maior parte deste resíduo vai para os lixões e os que vão para a reciclagem muitas vezes chega com restos de alimento, plástico e outros materiais, o que encarece a sua reciclagem e piora a qualidade.
O Brasil é um grande produtor de coco verde para o consumo de sua água, com 57 mil hectares de coqueiro e uma produção próxima de 6,7 milhões de toneladas de cascas de coco por ano, que em algum momento vira resíduo nas praias do país, se tornando um grande problema ambiental.