Falta de água
Foto: mantasidhu

De acordo com a ONU, cerca de 2,2 milhões de pessoas morrem todos os anos por tomar água contaminada. Isso é mais do que o número de vidas levadas por terremotos e enchentes. Inclusive após desastres naturais é comum pessoas morrerem por falta d’água.

É um número assustador para quem vive no meio urbano e nunca precisou andar horas até um rio ou um poço para obter água. A realidade, porém, é que em pleno século XXI, cerca de 800 milhões de pessoas no mundo vivem sem acesso a água potável.

Mas, não apenas os moradores de regiões precárias que enfrentam esse problema. Os soldados do exército também precisam tolerar a sede e, muitas vezes, ingerir água suja e contaminada nas suas missões.

Com o objetivo de resolver a questão e de transformar um sonho em realidade, o jornalista brasileiro Ricardo Fittipaldi, desenvolveu um purificador portátil, chamado de H2Life, que permite sobreviver e manter a saúde em casos de emergência.

H2Life Brasil
Foto: webventure

Então, não é de se espantar que o Exército brasileiro já tenha comprado 1200 unidades para os soldados na Amazônia. Além deles, militares brasileiros em missão de paz no Haiti também apostaram no dispositivo para filtrar a água, uma vez que a região sofria uma epidemia de cólera.

Como a água é filtrada?

O purificador portátil funciona por sucção, como um canudo. O usuário puxa a água suja e ela entra na boca pela outra extremidade totalmente limpa, inodora e sem coliformes fecais. O líquido passa por três processos rápidos antes de chegar à boca.

Primeiro é feita a pré-filtragem, que remove as grandes partículas, como a areia, o barro e a ferrugem. Em seguida, vai para filtragem que elimina substâncias químicas, como o cloro, os pesticidas e os resíduos de medicamentos, melhorando o gosto, a cor e o odor da água. E só então vai para a purificação, onde passa por uma peneira com bilhões de microporos, tornando-se livre de bactérias, vírus e algas.

Funcionamento do H2Life
Foto: Revista Alfa

A desvantagem do produto é que dura apenas entre 30 e 40 dias. A vantagem é que pesa apenas 36 gramas e tem 226 milímetros de comprimento. Tornando mais fácil o transporte de uma grande quantidade de purificadores do que de garrafas de água.

O jornalista Vicente Vilardaga conta em seu blog que experimentou o próprio xixi com o H2Life. “Embora o fabricante tenha garantido que o líquido estava livre de microrganismos nocivos, este manteve uma alta salinidade e deixou a desejar em termos de gosto e turbidez”.

Produtos Semelhantes

Lifestraw
Foto: geekalerts

Mas o produto brasileiro H2Life não foi o primeiro filtro-canudo desenvolvido. Alguns anos antes a empresa dinamarquesa, Vestergaard Frandsen, desenvolveu o Lifestraw. Seu sistema é bem parecido com o de Fittipaldi, porém, menos eficaz.

O Lifestraw vendido atualmente remove 99% dos vírus e partículas, mas não filtra metais pesados como ferro ou flúor, nem remove parasitas como a giárdia ou o criptosporídio, ao passo que o H2Life elimina 100% das bactérias, perigosas ou não, e preserva os sais minerais da água.

Em contrapartida, a vida útil do produto dinamarquês, que é maior e mais grosso, é de cerca de um ano, filtrando mais de 700 litros de água, e pode ser encontrado por menos de R$ 100,00.

A Vestergaard ainda pretende lançar a versão LifeStraw Family, que filtrará até 15 mil litros durante sua vida útil e poderá ser usada por uma família de seis pessoas.

Lifestraw family
Foto: mnzl

Antes dos filtros, o único modo eficaz de tornar a água potável em situações críticas, era com o uso de pastilhas ou cápsulas de cloro, um método bastante usado por aventureiros e militares.

Pesquisas demonstraram que o filtro é uma das formas mais eficientes de evitar doenças como a diarréia, que mata 1,8 milhões de pessoas anualmente e é a maior causadora de óbitos entre os portadores de HIV, doença que atinge a maioria dos africanos, sendo que a África é um dos países com precários sistemas de saneamento básico.