No meu primeiro artigo vou falar de um tema que sempre me fascinou, a extinção humana. Fique calmo caro leitor, não quero que você pense que sou um daqueles pessimistas que ficam com placas dizendo “O fim do mundo está próximo” pelas ruas das grandes cidades, ou que não tenha mais esperanças de um futuro harmônico para a humanidade aqui neste planeta. Esperanças eu ainda tenho, mas confesso que simplesmente baseado num desejo, pois os fatos e a história mostram que estou sendo no mínimo pouco racional, para não dizer absolutamente irracional.

Queimadas
Foto: leoffreitas

Vivemos hoje no Holoceno, era iniciada há aproximadamente 12 mil anos, depois da última glaciação. São os grandes eventos e as grandes cicatrizes deixadas que marcam as divisões geológicas na história da terra e todas elas são definidas de acordo com consensos científicos. Obviamente, sempre quando existe uma maioria, existe também uma minoria que defende outra hipótese. O próximo consenso levará à definição da nova era, o Antropoceno, que levaria em conta as cicatrizes deixadas pela humanidade no planeta. Para alguns, essa era já chegou e os seres humanos deixam a sua marca no planeta de maneira significativa desde a sua sedentarização há sete mil anos ou, para alguns, desde a super-recente revolução industrial, no século XVIII.

Parece-me bastante lógico que consideremos que estamos já nesta nova era, afinal as marcas deixadas pela humanidade são bastante impactantes e a meu ver, irreversíveis. Vários colegas meus são bastante resistentes em achar que os homens têm a capacidade de mudar a dinâmica do planeta, visão a qual respeito, mas as evidências que surgem são mais do que suficientes para mostrar que nosso impacto no planeta é, sim, perceptível e que estamos mudando os padrões naturais da Terra. Neste cenário, as mudanças climáticas impulsionadas pelo aumento nas emissões de gases de efeito estufa são uma prova dificilmente desmentida.

E há esperança? Talvez ela exista, pois ainda pouco sabemos, o que me traz a noção de que possivelmente sejamos pequenos demais para tanto estrago.[…] Certezas eu não tenho, e a minha grande motivação é continuar buscando.”

Bom, obviamente não só as mudanças climáticas, mas há outras inúmeras provas que nossa passagem por aqui muda significativamente o planeta. Basta olharmos um rio poluído; uma cidade com péssima qualidade de ar; a poluição sonora de uma grande avenida de São Paulo; ou uma grande obra da engenharia, que altera o meio de uma maneira tão significativa como a transposição dos rios Yangtsé, Amarelo, Huaihu e Haihe na China, ou a represa de Itaipu, no sul do Brasil. São obras que basta sentirmos para entender que existe um impacto perpétuo ali.

E há esperança? Talvez ela exista, pois ainda pouco sabemos, o que me traz a noção de que possivelmente sejamos pequenos demais para tanto estrago. Além disso, é possível que estejamos andando para frente, ou seja, aprendendo a conviver com esse planeta e a garantir a nossa permanência, talvez por meio da tecnologia e da eficiência, talvez por meio de alguma coisa que ainda desconhecemos, ou a maioria de nós. Certezas eu não tenho, e a minha grande motivação é continuar buscando.

Será que estamos construindo o nosso fim desde o início de nossa história? Será que toda a existência do ser humano foi um grande embate com o planeta, o destruindo? Ou será que o homem é, sim, a cereja do bolo na Terra e está apenas buscando a melhor forma de habitá-lo? Estas são questões intrigantes e que valem a pena buscarmos as respostas. Acredito que elas sejam fundamentais para, enfim, entendermos nosso papel neste planeta, se é que devemos entender.