Sustentabilidade é uma expressão que ganhou força no final dos anos 80, mais precisamente em 1987 com o lançamento do Relatório Brundtland ou “Our Common Future”. O nome Relatório Brundtland se deu em homenagem a Gro Harlem Brundtland, que, na ocasião, era a primeira-ministra da Noruega e chefe da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU – Organização das Nações Unidas.
Citado pela primeira vez no Relatório Brundtland, o termo desenvolvimento sustentável foi entendido como “a satisfação das necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. E desde então, o conceito transformou-se em uma referência mundial e rapidamente adotado pelas diversas causas sociais e ambientais em todo o mundo, transcendendo sua amplitude política e governamental, atingindo o mundo corporativo e por consequência, seus colaboradores e cidadãos.
Outro marco na difusão do termo, principalmente para o mundo corporativo, foi o conceito do tripé da sustentabilidade. O “triple bottom line” foi criado nos anos 1990 por John Elkington, cofundador da consultoria britânica SustainAbility e autor de vários livros de gestão. Seu argumento era que as empresas deviam prestar contas em três indicadores distintos: social, ambiental e econômico, e não apenas em um, no caso, o econômico. A grande contribuição deste conceito foi ajudar na compreensão de que a sustentabilidade só se sustenta se for social, ambiental e econômica – ao mesmo tempo.
Hoje em dia a palavra faz parte do vocabulário das pessoas que usam o termo “sustentabilidade” com frequência, e sem a sua devida compreensão.
Com exceção dos especialistas que atuam na área, a grande maioria reduz o seu real significado. É comum as pessoas pensarem que sustentabilidade trata apenas de meio ambiente (recursos naturais), ou então, apenas de filantropia e responsabilidade social. Não conseguem ver a amplitude do conceito e a complexidade das interconexões do que a expressão representa. Sabemos que ligar “Lé com Cré” é difícil para quem não é da área. E a falta de visão sistêmica faz com que poucos entendam o conceito e continuem a usá-lo de forma reduzida.
Outra dificuldade para a compreensão correta do termo é que seu real significado bate de frente com hábitos arraigados em uma cultura que supervaloriza o consumo e os resultados rápidos. A sustentabilidade não é imediatista e muito menos superficial. Não prioriza o agora, em detrimento do depois.
Escolhas e projetos somente serão sustentáveis se forem bons hoje e também amanhã. A sustentabilidade é cuidadosa, profunda e demorada. Sabe que nada acontece do dia para noite, e que serão necessários esforços e investimentos para que haja transformação. Acredito que foi por estes posicionamentos que os profissionais da área foram taxados de “Ecochatos” e “Biodesagradáveis”. Dá para entender que ser porta-voz de “verdades inconvenientes” estraga a brincadeira do mundo maravilhoso que a sociedade de consumo construiu.
Essa tal sustentabilidade não divide pessoas, ambientes, tecnologias, etc. Pelo contrário, agrega, administra, recupera e dialoga. Não desequilibra, harmoniza. E, se sustenta no mínimo, em um tripé (ou em quatro ou quantos pés forem necessários).
Essa tal sustentabilidade nada mais é do que trabalhar por ambientes, sistemas e mundos mais equilibrados e perenes. Trabalhar pelo bem de todos, e não apenas de alguns. Trabalhar hoje sem esquecer o amanhã. E tudo dentro de uma escala de valores não excludentes, e que trazem em seu bojo, a ética, a solidariedade, o respeito, a inteligência e a diversidade. Esta tal sustentabilidade não é fácil nem simples, mas é a melhor escolha para nortear pessoas, empresas, cidades e países.