Desde o surgimento do conceito de sustentabilidade, na década de 1980, muitos trabalhos acadêmicos e ações concretas por parte de diferentes agentes tornaram este conceito mais aplicável, trazendo bons resultados para o planeta.

Redução de uso de recursos naturais por meio de novos processos, novas técnicas e tecnologias tornaram as indústrias mais eficientes neste quesito. O que antes era considerado uma questão secundária, passou a integrar os departamentos de pesquisa, de processos e principalmente de inovação. Podemos citar a questão da água como um dos primeiros desafios para setores das indústrias que utilizam muito este recurso.

Tratamento de Efluente em Indústria Têxtil
Tratamento de efluente nas industrias. Foto: Fabiano Souza

Em um segundo momento, as indústrias passaram a não só observarem o que era “jogado” fora ao final de seu processo produtivo, mas a se preocuparem com mudanças nos processos, seja pela redução do consumo do recurso, seja pela mudança e substituição do recurso por outro menos agressivo ou impactante e também, mas não menos importante, a conscientização de todos os funcionários quanto a importância da questão ambiental.

Pelo lado dos resíduos produzidos pelos processos, foram poucos os setores que de imediato se preocuparam com os volumes, a destinação correta e mesmo a redução de sua produção. Foram vários os motivos, e entre eles a falta de pressão da sociedade, legislações pouco severas ou ambíguas, entre outros aspectos que tornaram este ponto pouco desenvolvido de início por muitos setores industriais.

Este aspecto começou a mudar quanto novas legislações começaram a exigir destinações corretas para muitos resíduos e o custo aumentou na mesma proporção. A sociedade organizada começou a questionar os imensos desperdícios de recursos também. Estes fatores levaram muitos setores da indústria a reverem processos e sistemas de produção na busca de reduções. Novos materiais, novas tecnologias em parcerias com centros de pesquisas e universidades foram tomando forma e sendo aplicadas nas indústrias.

Um exemplo bem brasileiro foi o uso de resíduos da palha da cana nas usinas como biomassa, além de novas tecnologias para o surgimento do “plástico verde”.

“Uma das questões mais instigantes da sociedade atual é conseguir encontrar um ponto de equilíbrio entre a produção cada vez maior de produtos e serviços […] com a preservação dos recursos naturais.”

Durante algumas décadas a sociedade foi em busca de novas formas de consumir os recursos da natureza de uma forma mais equilibrada, porém desde o início do novo século houve um aumento significativo e explosivo de consumo, com novas e grandes parcelas da população do mundo entrando no jogo capitalista e consumindo cada vez mais.

Somos mais de 7 bilhões de habitantes no mundo e cada vez mais o consumo chega a um número maior de pessoas que são estimuladas a comprar e comprar, e as empresas fabricam “objetos de desejos” que são disputados pelas pessoas. Aos chamados países ricos se juntaram os emergentes e alguns considerados pobres, mas que aumentaram suas compras de produtos e serviços que demandam cada vez mais recursos da natureza e geram uma montanha de resíduos, que na maioria das vezes é destinado a locais errados e acabam prejudicando não só o meio ambiente, mas o próprio homem.

Uma das questões mais instigantes da sociedade atual é conseguir encontrar um ponto de equilíbrio entre a produção cada vez maior de produtos e serviços, dentro do modelo econômico de aumento de vendas para gerar maior lucro, com a preservação dos recursos naturais, que são finitos, e a produção cada vez maior de resíduos (o lixo nosso de cada dia) que é cada vez maior, mais complexo e destrutivo para o meio ambiente e que chega até nós, seres humanos.

A sociedade passa por um momento de grande reflexão quanto as reais necessidades do Homem, e busca um equilíbrio entre os anseios e desejos e nossas obrigações perante o planeta.

Os diferentes setores da sociedade buscam respostas para este grave problema, as indústrias na busca de novos processos, produtos e materiais que reduzam os danos que causam; os poder público que tem o dever de legislar sobre a questão e impor limites a muitos aspectos; e a todos nós, sociedade que pode criar a consciência da necessidade urgente de mudança de comportamentos, de hábitos urbanos e de falsas necessidades. Para que juntos possamos criar uma sociedade mais igualitária nos diferentes aspectos para o equilíbrio do nosso planeta.