Uma pesquisa inédita da Nexus, realizada em parceria com o Sindiplast, revela dados surpreendentes sobre os hábitos sustentáveis dos brasileiros. O levantamento nacional mostra que 81% da população evita o desperdício e a geração de lixo, enquanto 75% separam materiais para reciclagem ou convivem com alguém que realiza essa prática.
Esses números demonstram que a consciência ambiental dos brasileiros está mais desenvolvida do que muitos estudos anteriores sugeriam. A pesquisa investigou as principais preocupações ambientais da população, seus hábitos relacionados à sustentabilidade e à reciclagem, além de compreender a percepção sobre o plástico.
Reaproveitamento faz parte do dia a dia brasileiro
O estudo revelou forte engajamento dos brasileiros contra o desperdício. Cerca de 68% afirmam reutilizar ou reaproveitar embalagens de produtos, transformando potencial lixo em itens úteis. Essa prática demonstra criatividade e consciência econômica que se alinha naturalmente com princípios de sustentabilidade.
A compra de produtos com embalagens recicladas é menos comum, mas ainda assim praticada pela maioria (56%). Esse dado indica oportunidade de crescimento no consumo consciente, especialmente quando empresas comunicam claramente os benefícios ambientais de seus produtos.
Informação é a chave para mudanças
A falta de informação lidera o ranking das dificuldades para adotar hábitos sustentáveis, mencionada por 28% dos entrevistados. Em seguida aparecem a falta de opções de coleta seletiva (17%) e a falta de tempo (9%).
“Esses dados sublinham a função fundamental da informação e de campanhas de conscientização na promoção de mudanças comportamentais em relação à sustentabilidade”, explica José Ricardo Roriz Coelho, presidente do Conselho do Sindiplast.
Esse resultado aponta para uma oportunidade clara: investimentos em educação ambiental podem gerar impactos significativos na adoção de práticas sustentáveis. Quando as pessoas compreendem como suas ações afetam o meio ambiente, tendem a modificar comportamentos naturalmente.
Reciclagem varia conforme a região
A separação de materiais para reciclagem apresenta diferenças regionais importantes. As regiões Sudeste (73%) e Sul (83%) lideram essa prática, refletindo maior disponibilidade de infraestrutura de coleta seletiva e programas de conscientização mais consolidados.
Essa variação regional demonstra como políticas públicas locais e investimentos em infraestrutura influenciam diretamente o comportamento da população. Regiões com melhor estrutura de coleta seletiva naturalmente apresentam maior adesão às práticas de separação.
Consenso sobre impactos do plástico
O levantamento identificou consenso impressionante entre os brasileiros sobre questões relacionadas ao plástico. Cerca de 93% reconhecem o impacto ambiental negativo do descarte inadequado de embalagens plásticas, demonstrando alta consciência sobre esse problema específico.
A utilidade do plástico na preservação da qualidade dos alimentos também é reconhecida por 50% da população, que concorda total ou parcialmente com essa função. Essa percepção equilibrada mostra que os brasileiros compreendem tanto benefícios quanto riscos do material.
Interessante notar que 61% dos entrevistados aceitam que é “impossível evitar o uso de embalagens plásticas porque fazem parte do cotidiano”. Essa percepção realista indica alta dependência do material no dia a dia, especialmente entre homens (50%), pessoas com 60+ anos (52%) e moradores das regiões Norte e Centro-Oeste (50%).
Conhecimento técnico ainda é limitado
Apesar da consciência sobre impactos ambientais, o conhecimento específico sobre plástico precisa melhorar. Apenas 6% dos entrevistados demonstraram alto grau de compreensão sobre o material, enquanto 50% possuem conhecimento intermediário e 43% apresentam baixa compreensão.
“Isso aponta para a necessidade de maior informação e conscientização sobre o tema, visto que esse é um dos materiais com um dos maiores índices de potencial de reciclagem”, comenta Paulo Teixeira, diretor-superintendente do Sindiplast.
O plástico se destaca como o material mais separado para reciclagem, mencionado por 90% dos entrevistados que realizam separação. Em seguida aparecem alumínio (73%), papel/papelão/jornal e vidro (ambos com 68%).
Obstáculos práticos limitam a reciclagem
A pesquisa identificou barreiras concretas que impedem maior adesão à reciclagem de embalagens plásticas. A falta de coleta seletiva nas regiões onde moram foi mencionada por 35% como principal obstáculo.
Quase três em cada dez entrevistados apontam o esquecimento ou falta de hábito (29%) e a insuficiência de informações sobre reciclagem (29%) como grandes dificuldades para separar embalagens plásticas.
Esses dados revelam que soluções eficazes precisam abordar simultaneamente aspectos de infraestrutura e educação. Campanhas de conscientização devem ser acompanhadas de melhorias na coleta seletiva para gerar resultados duradouros.
Responsabilidade é vista como compartilhada
A população considera a coleta de embalagens plásticas principalmente uma responsabilidade das prefeituras (79%). No entanto, a própria população (47%) e governos estaduais (27%) também são mencionados como responsáveis.
Essa percepção de responsabilidade compartilhada, com ênfase no poder local, sugere que iniciativas municipais podem ter grande impacto na gestão de resíduos. Prefeituras que investem em coleta seletiva e educação ambiental tendem a obter maior adesão da população.
Oportunidades para o futuro
Para Paulo Teixeira, embora haja crescente preocupação com questões ambientais e esforço para adotar práticas sustentáveis, ainda existem desafios significativos relacionados ao conhecimento sobre materiais, tecnologia e consistência na adoção de hábitos de reciclagem.
“Os dados servirão de base para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de conscientização ambiental, bem como para o aprimoramento de políticas públicas e iniciativas privadas voltadas para a promoção da sustentabilidade e da economia circular”, completa o executivo.
A pesquisa demonstra que os brasileiros possuem consciência ambiental desenvolvida e estão dispostos a adotar práticas sustentáveis. O desafio agora é superar barreiras práticas através de melhor infraestrutura, mais informação e políticas públicas eficazes que transformem essa consciência em ação consistente.