Escavações feitas na região de Pompeia, na Itália, revelaram que o lixo encontrado no local era separado para depois ser reutilizado

Pesquisadores descobriram que no vasto sítio arqueológico de Pompeia, enormes pilhas de lixo, depositadas para fora dos muros da cidade, estavam sendo separadas e preparadas para serem reutilizadas.

De acordo com a notícia, publicada no The Guardian, a professora Allison Emmerson, uma acadêmica norte-americana que faz parte de uma grande equipe de trabalho em Pompeia, disse que o lixo foi empilhado ao longo de quase toda a parede externa do lado norte, entre outros locais. Alguns dos montes tinham alguns metros de altura e incluíam resíduos, como cerâmica e gesso, que poderiam ser reaproveitados em novas construções.

A análise científica identificou parte do lixo da cidade em depósitos suburbanos equivalentes aos aterros que temos hoje em dia. O material também foi incorporado às construções, de acordo com os pesquisadores. Allison Emmerson, afirma que parte da cidade foi construída com os resíduos. “Os resíduos colocados para fora dos muros da cidade eram separados e organizados, para serem revendidos dentro dos muros”.

A descoberta

Pompeia foi uma cidade com vilas e belos edifícios públicos, praças abertas, lojas de artesanato, tabernas, bordéis e casas de banho. Havia até mesmo um anfiteatro, que recebia batalhas de gladiadores para um público de até 20 mil pessoas.

Allison e sua equipe usaram amostras de solo para entender como o lixo era gerenciado naquela época. “A terra escavada difere de acordo com o local onde o lixo foi deixado originalmente”, disse ela. “O depósito de lixo em locais como latrinas ou fossas resulta em um solo rico e orgânico. Por outro lado, os resíduos que se acumularam ao longo do tempo nas ruas ou fora da cidade, deixaram o solo mais arenoso.

Portanto, observando essa diferença no solo, a equipe conseguiu identificar se o lixo foi gerado naquele local ou se foi transferido de outros lugares para ser separado e reciclado.

A reportagem relata que em algumas paredes foram encontrados materiais reaproveitados, como pedaços de ladrilhos e ânforas quebradas, além de pedaços de argamassa e gesso. Em quase todas essas paredes havia uma camada de gesso, que dava o acabamento e escondia os materiais (reciclados), que eram usados na sua construção.

A pesquisadora relata que os moradores de Pompeia viviam muito mais perto do lixo do que a maioria de nós consideraria aceitável, não porque a cidade não tivesse infraestrutura e eles não se preocupassem em gerenciar o lixo, mas porque os seus sistemas de gestão urbana estavam organizados em torno de princípios diferentes.