O uso do gesso na construção civil vem crescendo gradativamente ao longo dos últimos anos. Usado como placas para forros, sancas e molduras, rebaixamento de tetos, revestimento de paredes, divisórias e como componente de drywall. O seu uso é bem requisitado devido a propriedades de lisura, endurecimento rápido e relativa leveza.
O gesso, quando descartado de forma inadequada em aterros, pode acarretar sérios problemas ambientais devido as suas características físicas e químicas, que em contato com ambiente pode se tornar tóxico, pois o resíduo de gesso é constituído de sulfato de cálcio di-hidratado. A facilidade de solubilidade promove a sulfurização do solo, que acaba criando bolsões onde desestabiliza o terreno e também ocorre a contaminação do lençol freático. A incineração do gesso também pode produzir o dióxido de enxofre, um gás tóxico. As possibilidades de minimizar o impacto ambiental, portanto, estão na redução da geração do resíduo, na reutilização e na reciclagem.
A resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) alterou a classificação do gesso de Classe C (ou seja, materiais que devem ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas), para a Classe B (ou seja, materiais que deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados para áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura). Portanto passa-se para a categoria de reciclagem obrigatória, já que o resíduo pode ser reciclado, mantendo as mesmas propriedades físicas e mecânicas de seu formato comercial.
Para que o gesso volte ao seu formato comercial, a reciclagem deve ser feita a partir da moagem e calcinação (aquecimento prolongado de algum material a alta temperatura) do material. No processo de moagem o resíduo passa por um triturador para que o gesso fique de forma a atender à especificação granulométrica de gesso fino e posteriormente armazenado em recipientes fechados em ambiente de laboratório, aguardando a calcinação.
Quando o material é submetido somente à moagem, ele pode ser utilizado como fertilizante e destinado pra a agricultura, onde é utilizado como corretivo da acidez do solo, na melhoria das características deste e na indústria cimenteira, no qual o gesso é um ingrediente útil e necessário, que atua como retardante de pega (fenômeno que compreende a evolução das propriedades mecânicas do cimento no início do processo de endurecimento) do cimento.
Quando submetido à calcinação, o material se transforma no gesso reciclado, onde está pronto para retornar aos processos produtivos.
No processo de calcinação, o resíduo de gesso moído é encaminhado para uma estufa de secagem, sem circulação de ar, com temperatura regulável de 50 ⁰C a 350 ⁰C, com dispositivo na parte superior para adaptação do termômetro digital, que permite a aferição da temperatura de calcinação. No processo incluiu a distribuição do resíduo de gesso moído em bandejas metálicas, em camadas com espessura média de 1 cm e controle de massa. Após a calcinação o material é resfriado à temperatura ambiente, homogeneizado e armazenado em recipientes fechados.
A calcinação é a fase que fundamenta o termo (gesso sustentável), pois apresenta características que viabilizam o retorno do resíduo para o início da cadeia produtiva, minimizando a utilização do recurso natural não renovável no planeta.
Destinar os resíduos de gesso para a reciclagem e após aplicá-los nos processos produtivos, além de reduzir a extração do minério gipsita (matéria-prima para a fabricação do gesso), ainda contribui para a diminuição do descarte inadequado do material, bem como a mitigação da contaminação do solo e lençol freático.