Você sabe o que fazer quando uma roupa íntima não serve mais? Confira aqui as melhores opções de descarte

As peças íntimas são, como o próprio nome sugere, de uso individual. De fato, compartilhar calcinha ou até mesmo sutiã pode intensificar a troca de bactérias, mas, e quando esses artigos não servem mais? Isto é, quando estão limpos, mas inutilizados no armário?

Poucas pessoas pensam em doar uma calcinha, por exemplo, acreditando que isso seria algo pouco higiênico. Essa noção pode ser uma das justificativas por trás de dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), que afirmam que cerca de 170 toneladas de lixo são produzidas, anualmente, apenas pelo setor de roupas íntimas do país. E, ainda de acordo com a instituição, nem metade dessa quantidade é, de fato, reciclada.

Além disso, a pandemia pode intensificar o problema. As reciclagens, de maneira geral, tiveram uma grande queda, já que muitos trabalhadores do setor tiveram que se manter em isolamento social. O presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa) afirma que a reciclagem desse tipo de lixo em específico chegou a cair mais da metade no período.

Soma-se a isso o aumento do consumo de lingerie. A quarentena não diminuiu a demanda por peças íntimas de qualidade e e-commerces do ramo por todo o país sentiram o impacto.

“Com a pandemia, as visitas no site triplicaram e as vendas aumentaram 300%”, afirma Rayane Rodrigues, representante da marca Vest Rio Lingerie.

Isso significa, portanto, que mais peças íntimas estão sendo compradas, em um país no qual a reciclagem perde sua força frente às medidas de isolamento social. É uma equação complexa e que precisa de mais atenção tanto de profissionais, quanto de cidadãos, de maneira geral.

“No fim da cadeia, a gente acaba fazendo o que consegue – que é minimizar o impacto tentando não jogar no lixo”, lamenta Cristal Muniz, designer de 27 anos, responsável pelo site Uma Vida Sem Lixo.

A lingerie na compostagem

Peças presentes em um conjunto de lingerie não são as mais fáceis de serem recicladas.

Para serem reaproveitadas na natureza, elas precisam ser puras, ou seja, totalmente feitas com o mesmo material. Quando se trata de calcinhas e sutiãs, isso não é tão comum, já que diversas possuem, pelo menos, uma pequena porcentagem de elastano para tornar a peça mais flexível. “Os tecidos puros de fibras naturais se decompõem mais rápido, mas normalmente possuem elásticos ou algum detalhe de outro material”, afirma Muniz.

O destino ideal para lingeries feitas 100% de algodão ou linho, sem adornos ou elásticos é a compostagem. Existe a opção de fazer isso em casa, enterrando a peça cortada em pequenos pedaços. Mas é preciso que ela seja natural, inclusive no que se refere ao tingimento do tecido.

Como reaproveitar lingeries

“Como, na maioria das vezes, a gente não consegue contar com a reciclagem, o melhor é arranjar um uso dentro de casa. A dica é cortar as peças em pequenos pedacinhos e usar de enchimento de almofadas, bichinhos de pelúcia, algum outro tipo de objeto têxtil”, aconselha Muniz que fez um vídeo em seu canal no Youtube com formas de descartar uma lingerie.

Se o tecido estiver mais encardido, uma saída é usar a calcinha ou sutiã – sem bojo ou com o enchimento retirado – como lenço para limpar as mãos ou pincéis de maquiagem, evitando, assim, manchar toalhas de banho.

Caso nenhuma dessas opções agrade, ainda é possível utilizar-se do material para montar sachês aromáticos. Basta preenchê-los com ervas e plantas cheirosas, fechá-los e guardá-los em armários, gavetas ou sapateiros.

Doação de lingerie é opção estratégica

Se a calcinha ou sutiã estiverem sem furos e bem higienizados, a doação é a melhor opção.

Diversas campanhas trabalham especificamente com doações de peças íntimas para mulheres carentes pelo Brasil. E uma coisa há em comum: todas as organizadoras dos projetos batem na tecla de que calcinhas e sutiãs não precisam, necessariamente, ir para o lixo e que há uma grande demanda, de mulheres em situações de vulnerabilidade econômica, por essas peças.

Por todo o país, existem bazares, brechós e ONGs que contam com o recebimento de doações de lingerie. E, muitas vezes, os doadores podem entregar a peça lavada normalmente na máquina ou à mão – já que uma limpeza mais profunda é realizada pela maioria dessas instituições. Portanto, sutiãs e calcinhas em bom estado podem – e devem – ir para doações.