Os consumidores já podem decifrar o que dizem os rótulos nutricionais para escolher refeições com baixo teor de sal, gordura ou açúcar. Pela embalagem, também já conseguem saber quais produtos são recicláveis, veganos ou cruelty-free. Agora, as empresas também tendem a considerar os chamados rótulos de carbono à medida que clientes, investidores e reguladores estão cada vez mais interessados em diminuir suas emissões em meio à crescente preocupação com o aquecimento global.
Tendência ou realidade global?
As duas coisas. Em alguns países, o impacto ambiental da pegada de carbono já é declarado nos rótulos de vários alimentos.
A Unilever, gigante global de bens de consumo, já afirmou publicamente a intenção de apresentar os detalhes da pegada de carbono nos rótulos de mais de 70 mil produtos. Desde 2020, essa informação já consta nos rótulos de mais da metade dos produtos comercializados pela Quorn, empresa produtora de substitutos de carne no Reino Unido.
Pegando carona nessa onda, a startup sueca Carbon Cloud criou um modelo biofísico apoiado em mais de 20 anos de esforços científicos que pode rapidamente calcular a pegada climática dos alimentos com alto grau de precisão. A plataforma também apresenta dados sobre a produção de eletricidade para diferentes países e o impacto do uso de energia renovável. Dá até para criar exemplos e testar hipóteses que ajudam a confirmar qual ação ou investimento traz mais retorno do ponto de vista climático.
Bons exemplos brasileiros
A brasileira Nude, foodtech que desenvolve alimentos a partir da aveia vinda de pequenos produtores, já mostra o impacto real de sua produção desde o plantio da aveia até a gôndola do supermercado. Os rótulos da marca apresentam um selo que indica a pegada de carbono de cada produto.
Para poder acrescentar esse dado nas etiquetas de seus produtos, a Pantys, primeira marca de calcinha absorvente do país, analisou as emissões de gases de efeito estufa desde a extração das matérias–primas até disposição final (considerando materiais, produção, transporte, embalagem, uso e descarte) de cada um dos modelos das calcinhas e sutiãs absorventes.
Nenhum governo estabeleceu rotulagem sobre sustentabilidade como uma exigência legal e não sabemos se a declaração climática será obrigatória algum dia. De toda forma, ainda que permaneçam como iniciativas voluntárias, é fato que elas irão demandar mudanças por parte das indústrias, que vem sendo cada vez mais cobradas por uma sociedade e mercado também cada vez mais atentos à preservação ambiental. E se for para nos ajudar a escolher alternativas mais amigáveis para o clima e contribuir com um consumo mais consciente, por que não? A gente espera que sim!
Fontes: Um só planeta | Heynude | IRSFD | The Wall Street Journal | Em visão