É a natureza resolvendo todos os males.

Que espaços verdes trazem inúmeros benefícios, isso a gente já sabe. E, agora, temos mais uma evidência que indica que a escassez de ambientes naturais está relacionada também a níveis mais baixos de solidão.

O estudo, conduzido por pesquisadores australianos e publicado no ano passado no Journal of Epidemiology, descobriu que adultos em bairros mais verdes têm menos chance de se sentirem solitários, especialmente os que vivem sozinhos.

Segundo os autores, o contato com espaços naturais ajudam a reduzir a solidão, oferecendo oportunidades de reconexão social e apoiando processos como o alívio do estresse. Na esteira da constante necessidade de distanciamento de isolamento, essas descobertas são particularmente relevantes (e não surpreendentes) para os residentes em cidades com grande população urbana.

Ao longo de quatro ano, os pesquisadores exploraram idade, sexo, deficiência e hábitos e estímulos de vida de quase sete mil pessoas para avaliar associações entre espaços verdes residenciais e incidências cumulativas de relacionadas à solidão. As principais conclusões revelam que atingir as metas de espaço verde urbano de 30% da área total pode reduzir as chances de solidão cumulativa em até 26% entre os adultos em geral.

Eles destacam, ainda, que, como a solidão está cientificamente correlacionada à saúde geral e ao bem-estar – tanto físico quanto mental, aumentar as áreas de verdes em espaços urbanos coletivos pode ajudar reduzir o risco de depressão, ansiedade, doenças cardíacas, diabetes, inflamação, demência e até morte.

Um possível mecanismo para explicar isso é que o compartilhamento de ambientes naturais familiares pode ajudar a melhorar o humor e frear a procrastinação. Acredita-se que isso proporcione um alívio coletivo das ansiedades sociais e possibilita que pessoas se conectem umas com as outras de maneiras significativas.

Já deu um pulinho no parque hoje?

Essas descobertas parecem estar relacionadas a pesquisas anteriores sobre diminuição do estresse, promoção do relaxamento e outros benefícios mentais de caminhar por áreas naturais, um fenômeno conhecido como “banho na floresta ou parque”, que é basicamente uma mistura de estímulos sensoriais da natureza. Como exemplo, destacamos a aromaterapia das plantas, os sons das folhagens das árvores, o chilrear dos pássaros, a estimulação visual da flora e fauna e as sensações táteis do solo macio sob os pés ou das folhas.

Combinadas, essas experiências funcionam para fornecer uma espécie de terapia de redução do estresse que melhora a saúde física, bem como o bem-estar psicológico. O ar desses ambientes é mais limpo do que os empreendimentos urbanos e as próprias árvores contêm fitoncidas, compostos orgânicos antimicrobianos derivados de plantas conhecidos por uma série de benefícios, incluindo o aumento das células imunológicas.

Embora a maior atenção a questões ligadas à sustentabilidade e a inclusão de espaços naturais em ambientes urbanos seja frequentemente vista como uma arma na luta contra a mudança climática, está claro que tais medidas também serão críticas para melhorar nosso próprio bem-estar e conter a sensação de isolamento. O acesso a espaços verdes, portanto, não é mais apenas uma boa ideia, é uma necessidade.

Fontes: Treehugger | Storeys | Newsroom