Quem diria que os investimentos dos 125 dos bilionários mais ricos do mundo revelaria que esta seletíssima população emite um milhão de vezes mais gases de efeito estufa do que uma pessoa comum?

Este foi o apontamento de um relatório publicado por uma instituição de caridade britânica que analisou detalhadamente o custo ambiental do estilo de vida dessas pessoas, concluindo que elas produzem uma média anual de 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono individualmente, o que é um milhão de vezes superior à média de 2,76 toneladas de CO2 para aqueles que estão entre os 90% mais pobres.

Nafkote Dabi, líder de mudanças climáticas da instituição, disse que as emissões do estilo de vida dos bilionários, de seus jatos particulares e iates já são milhares de vezes maiores do que as de uma pessoa sem esses recursos. “Esses poucos bilionários juntos têm ‘emissões de investimento’ que equivalem às pegadas de carbono de países inteiros como França, Egito ou Argentina”, disse.

Conclusões semelhantes

Em 2021, pesquisadores da Comissão de Cambridge para Mudanças organizaram um painel para estudar o comportamento humano relacionado ao meio ambiente e encontrar formas eficientes de escalonar iniciativas que combatam a emissão de carbono. Eles chegaram à conclusão de que o 1% mais rico da humanidade produz o dobro das emissões de carbono dos 50% mais pobres do mundo juntos. Um grupo um pouco maior, o dos 5% mais ricos do mundo – a chamada “elite poluidora” -, contribuiu com mais de um terço (37%) do crescimento das emissões de carbono entre 1990 e 2015.

“Essas são as pessoas que mais viajam de avião, dirigem os carros maiores, vivem nas maiores casas, para as quais podem facilmente pagar o aquecimento, então não tendem a se preocupar muito quanto a se essas casas são bem isoladas (termicamente) ou não. E também são as pessoas que poderiam adquirir um bom isolamento térmico e painéis solares, se quisessem.”, disse Peter Newell, líder do grupo de pesquisadores.

Embora realizadas em diferentes momentos e de forma independente, as duas iniciativas chegaram a resultados muito parecidos. Ambas defendem reduções drásticas no excesso de consumismo, desde evitar o uso de veículos utilitários esportivos poluidores até redução nas múltiplas viagens aéreas em voos comerciais ou jatos particulares.

“Ricos que viajam muito de avião podem achar que compensam suas emissões com projetos de plantio de árvores, para capturar o carbono do ar. Mas esses projetos são altamente contenciosos e não têm comprovação a longo prazo. Os mais ricos precisam simplesmente viajar menos de avião e dirigir menos”, finaliza o pesquisador.

Outro ponto que aponta preocupações é que as estruturas políticas atuais permitem aos mais ricos fazer lobby contra mudanças necessárias na sociedade que possam interferir em seu estilo de vida. Tanto que o estudo apontando no início do artigo também descobriu que os bilionários têm uma média de 14% de seus investimentos em indústrias poluentes, como energia e materiais como cimento. Apenas um bilionário da amostra tinha investimentos em uma empresa de energia renovável.

Esses investidores no topo da pirâmide corporativa têm uma enorme responsabilidade por impulsionar o colapso climático. Que os combinados da COP27 possam trazer mudanças no papel que as grandes corporações e seus ricos investidores desempenham ao lucrar com a poluição que impulsiona a crise climática global!

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Fontes: CNN | BBC