Brasil enfrenta uma realidade preocupante em relação à poluição dos oceanos. Nosso país despeja aproximadamente 1,3 milhão de toneladas de plástico nos mares anualmente – volume equivalente ao peso de 1,3 milhão de carros de pequeno porte. Este dado alarmante, revelado pelo relatório “Fragmentos da Destruição: impactos do plástico à biodiversidade marinha brasileira” da Oceana, coloca o Brasil como líder em descarte de resíduos no mar entre os países latino-americanos e entre os 10 maiores poluidores do mundo.
Uma ameaça crescente à vida marinha
A poluição por plásticos é considerada pela ONU a segunda maior crise ambiental da história. O estudo desenvolvido com cientistas brasileiros mostra um panorama preocupante dos impactos sobre diversas espécies da costa brasileira, incluindo moluscos, aves, peixes, tartarugas e mamíferos.
Este cenário tem mobilizado ações estratégicas de comissões e conselhos da ONU, que preparam discussões importantes para junho deste ano, tendo como base o relatório da Oceana e a atualização de dados apresentados na ata “Um Oceano Livre de Plástico – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil”, de 2020.
Tratado Global de Plásticos: uma resposta internacional
Em 2022, foi firmado o Tratado Global de Plásticos, propondo a regulamentação de todo o ciclo de vida deste material – da produção à reciclagem – com o objetivo de conter a poluição global de forma mais eficaz. Apelidado de “Acordo de Paris do plástico”, o tratado tem despertado o interesse do Poder Público brasileiro, especialmente devido aos compromissos diplomáticos ambientais assumidos pelo país, conforme destacado em nota oficial recente do Senado Federal.
Apesar dos avanços nas discussões internacionais, obstáculos significativos permanecem. Países com economias fortemente ligadas à produção de plásticos e derivados do petróleo apresentam resistência nas negociações. Os interesses econômicos na indústria do plástico constituem uma barreira real, embora haja um consenso crescente sobre a necessidade de mudar o modelo econômico para algo mais responsável ambientalmente.
Problemas interconectados
A poluição plástica nos oceanos está diretamente ligada a outras questões ambientais críticas, como a perda de biodiversidade, as mudanças climáticas e a sobrepesca. Reduzir o uso de plástico é apenas parte da solução – é fundamental compreender o impacto nos ecossistemas e nas comunidades costeiras que dependem dos oceanos para sobreviver.
O aumento da presença de microplásticos em alimentos e na água potável reforça a urgência de regulamentações mais rigorosas sobre a produção e descarte de plásticos.
O papel do setor privado
As empresas têm responsabilidade crucial neste cenário. A adoção de modelos de negócios sustentáveis é uma das principais demandas para a Conferência de 2025. Regulamentações mais rígidas sobre plásticos devem ser vistas como oportunidades de inovação para o setor empresarial.
Indústrias pesqueiras, energéticas e turísticas precisam adotar medidas sustentáveis, como reduzir emissões de carbono e investir em economia circular. O momento exige ações concretas que vão além do discurso – a hora de agir é agora.
Com informações de Notícia Sustentável