Reprodução / Matthew Stockman/Getty Images South America Vírus encontrados nas água da Baía podem causar problemas como vômitos e diarreia.

Hoje, dia 05 de agosto, o Rio de Janeiro começa oficialmente a contagem regressiva para as Olimpiadas de 2016. Afinal de contas, faltará exatamente um ano para que os olhos do mundo todo estejam voltados para a cidade maravilhosa. Porém, nem tudo é motivo para comemoração.

Um estudo encomendado pela agência de notícias Associated Press concluiu que as águas da Baía de Guanabara estão longe de serem próprias para receber as competições aquáticas. Foram encontrados niveis altíssimos de vírus e bactérias de esgoto humano nas águas. Para se ter uma ideia da gravidade, os níveis são até 1,7 milhão de vezes acima do que seria considerado alarmante em praias no sul da Califórnia.

Como boa parte do esgoto não é tratado no Brasil, grande quantidade de resíduos puros corre por valas abertas até riachos e rios que abastecem os locais que receberão as competições aquáticas em 2016. Quase 1.400 atletas entrarão nessas águas para lutar por medalhas. Alguns dos que já vinham treinando no local já apresentaram problemas como febres, vômitos e diarreia.

John Griffith, biólogo marinho do instituto independente Southern California Coastal Water Research Project, examinou todas as fases do estudo e ficou alarmado. “O que se tem ali é basicamente esgoto puro. É água dos banheiros, dos chuveiros e do que as pessoas jogam na pia, tudo misturado, que vai para a água das praias”, disse em artigo publicado do site da AP. “Isso seria interditado imediatamente se fosse encontrado aqui nos Estados Unidos.”

Os dados colhidos pela AP foram examinados por Kristina Mena, especialista norte-americana em avaliação de risco para vírus de veiculação hídrica. Ela afirma que todos os atletas teriam 99% de chance de contrair alguma infecção se ingerissem somente três colheres de chá de água.

Como os problemas de saúde decorrentes do contato com a água variam de acordo com a imunidade do atleta e de outros fatores, John Griffith aconselha: “Eu provavelmente iria para o local dias antes e ficaria exposto para fortalecer meu sistema de imunidade a estes vírus, porque não sei como eles (governantes) vão resolver esse problema do esgoto.”

Governo e COI rebatem pesquisa da AP

De acordo com o jornal O Globo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) contestou o estudo encomendado pela AP e disse que o controle da poluição vem sendo feito de acordo com protocolos internacionais.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, também discordou do resultados e pediu que a população dividasse da credibilidade do estudo. Ele alegou que, há oito anos, apenas 17% do esgoto despejado na Baía eram tratados. Hoje garante que o percentual é de 49% e que até as Olimpiadas a quantidade de esgoto tratado será de 80%.

Para despoluir a Baía de Guanabara já foram gastos R$ 10 bilhões de reais em empréstimos. E, atualmente, o governo revela que vai precisar de pelo menos 20 anos, R$ 20 bilhões e ajuda da iniciativa privada para recuperar a terceira maior baía do mundo.