Dados dos satélites mostraram um aumento de 38% do verde na região. Um fato preocupante, de acordo com os cientistas

O Ártico, localizado ao extremo Norte do planeta, é uma região predominantemente gelada. E, ao contrário do que muitos imaginam, não é um lugar sem vida. Diferente da Antártida, que possui regiões extremamente secas, hostis às formas de vida, o Ártico é repleto de gramas e arbustos, que são adaptados para sobreviver a invernos rigorosos. Por baixo da grossa camada de neve o verde sobrevive principalmente no subsolo, como raízes. Quando ocorre o degelo, as plantas têm cerca de um mês para fazer tudo o que precisam para sobreviver e se reproduzir: soltar as sementes, absorver nutrientes e a luz solar.

No entanto, à medida que os verões árticos se tornam mais quentes, a paisagem também muda. Cientistas vêm acompanhando essa transformação por imagens de satélites, obtidas nos últimos 30 anos, e constataram que a região se tornou mais verde à medida que fica mais quente, pois eleva as temperaturas do solo e estimula o crescimento das plantas.

O estudo, publicado na Nature Communications, é o primeiro a medir as mudanças na vegetação em toda a tundra ártica, do Alasca, Canadá à Sibéria, usando dados de satélite do Landsat, uma missão conjunta entre a NASA e o US Geological Survey (USGS).

Outros estudos usaram os dados de satélite para observar regiões menores, uma vez que os dados do Landsat podem ser usados ​​para determinar a quantidade de vegetação em crescimento ativo no solo. Sendo assim, foi observado que o esverdeamento pode representar plantas crescendo mais, tornando-se mais densas.

Consequências

Quando a vegetação da tundra muda, ela impacta não apenas a vida selvagem que depende de certas vegetações, mas também as pessoas que vivem na região e dependem dos ecossistemas locais para se alimentar. Embora as plantas ativas absorvam mais carbono da atmosfera, o aumento das temperaturas também pode ajudar a derreter o pergelissolo (um tipo de solo específico do Ártico), liberando gases de efeito estufa.

De acordo com Trevor Keenan, cientista docente da Universidade da Califórnia, esse “esverdeamento” do Ártico representa uma grande ruptura no delicado equilíbrio dos ecossistemas frios. “As temperaturas vão aquecer o suficiente para que novas espécies de árvores possam se mover e competir com a vegetação que antes dominava a paisagem. Essa mudança na vegetação também afetaria insetos e animais que dependem da vegetação nativa para se alimentar”.

A pesquisa faz parte do Arctic Boreal Vulnerability Experiment (ABoVE) da NASA, que visa compreender melhor como os ecossistemas estão respondendo a esses ambientes de aquecimento e suas implicações sociais.