Reprodução “As pessoas estão achando que o planeta depende delas para sobreviver, mas é exatamente o contrário”, diz o fotógrafo.

Uma série de fotos registrou imagens impressionantes do maior desastre ambiental da história do Brasil. “Lágrimas do Rio Doce” reúne imagens dos avanços da lama das barragens rompidas em Mariana pela extensão do Rio Doce, sob o olhar atento e consternado do fotógrafo Leonardo Merçon, juntamente com uma equipe do coletivo Últimos Refúgios.

A lama mudou a paisagem do Rio Doce, matou fauna, flora e causou danos irreversíveis à população que tirava dele o seu sustento. Diante desse cenário estarrecedor, nada chocou mais o fotógrafo do que o descaso da Samarco, empresa responsável pelas barragens, em minimizar os estregados causados. “Eu esperava que esse desastre servisse para alertar as pessoas de que a nossa sociedade está seguindo por um caminho inconsequente e irresponsável. Não importa a quantidade de dinheiro que as empresas geram com isso, o preço que a natureza cobra sempre será mais alto”, falou o fotógrafo ao Pensamento Verde.

Reprodução Registros foram feitos em duas expedições, nas cidades entre Governador Valadares e Regência.

Os registros foram feitos em duas expedições, nas cidades entre Governador Valadares e Regência. O fotógrafo relata que ao chegar no Rio Doce, no início da expedição, ainda havia a esperança de que os resíduos tivessem se diluído no curso da água. No entanto, o que se viu foi ainda pior do que o imaginado: havia peixes e outros animais aquáticos na superfície do rio, sufocados pelos rejeitos, tentando saltar da água contaminada.

“Quando a gente chegou em Governador Valadares e topou com a lama, foi um tapa na cara. Ver aqueles seres aquáticos morrendo ali e mais para frente animais maiores como capivara, lontra, jacaré e até animais domésticos, como boi e cachorro, morrendo por ingerir aquela água contaminada, foi um impacto muito grande”, lamentou.
Segundo Leandro, a expedição foi completamente proveitosa e serviu de alerta, inclusive, à população que estava ingerindo peixes imersos na lama. Além disso, as imagens estão sendo utilizadas para auxiliar os ribeirinhos a ganharem força e serem ajudados pela Samarco. Já foram contabilizados que mais de 10 milhões de pessoas tiveram acesso ao material nas redes sociais, inclusive a ONU.

Para o fotógrafo, a tragédia ainda não teve fim e a ganância pelo lucro reflete em uma grande e lamentável inversão de valores. “A sociedade precisa se tornar mais sustentável se ela quiser sobreviver. As pessoas estão achando que o planeta depende delas para sobreviver, mas é exatamente o contrário”, finalizou.

Assista ao vídeo de Leonardo contando um pouco mais sobre esta experiência: