Com as mudanças climáticas — que trazem série de danos à humanidade, fauna e flora —, cientistas buscam constatações de como as plantações podem se adaptar a novas condições.

Nessa busca, têm sido encontradas algumas plantas tão resistentes que poderiam sobreviver com quase nenhum oxigênio ou nas temperaturas mais extremas. É o caso de dois tipos de plantas resistentes o suficiente para sobreviver em Marte, segundo cientistas da Alemanha: os líquens e cianobactérias, consideradas algumas das primeiras espécies a colonizar a terra.

Os pesquisadores recriaram as condições do “planeta vermelho”, incluindo a radiação solar escaldante, temperaturas flutuantes, secura extrema e baixa atmosférica, para testar se essas espécies conseguem permanecer vivas. Elas não só sobreviveram, como continuaram a fazer fotossíntese e outros processos regulares de plantas.

E quais fatores levam algumas plantas a terem mais resistência do que outras? Vejamos, a seguir, algumas explicações.

Clonagem

Estudos dão conta de que a árvore individual viva mais antiga é um pinheiro bristlecone no leste da Califórnia, identificado com 5.062 anos em 2012.

Para alcançar longevidade ainda maior, algumas árvores têm uma técnica curiosa: a clonagem. Elas se clonam e vivem nas chamadas colônias clonais, que são árvores geneticamente idênticas que estão conectadas pelo mesmo sistema de raízes.

Essas colônias podem sobreviver por milhares de anos  — estima-se que a colônia Pando, no estado americano de Utah, tenha 80 mil anos, enquanto o carvalho Jurupa, na Califórnia, tenha por volta de 13 mil anos.

Camuflagem

Os lithops, também conhecidos como “pedras vivas”, devido à sua aparência rochosa, são capazes de sobreviver em condições extremas no deserto e em terrenos rochosos, usando a camuflagem para evitar que sejam devoradas.

Embora cresçam principalmente no subsolo, os lithops têm uma camada superior translúcida para permitir a entrada da luz solar, que depois transformam em energia.

Para os pesquisadores, a capacidade dos lithops de aproveitar tanto a luz brilhante acima do solo quanto a pouca luz abaixo dele pode ajudar a desenvolver plantações mais eficientes no futuro.

Resistência ao clima quente

Com o aquecimento global que ameaça extinguir 60% das espécies de café, um fruto mais resistente à altas temperaturas pode ser o substituto: o cacau.

À medida que as temperaturas aumentam, as plantações mais rasteiras estão encontrando dificuldades para produzir café de qualidade. Com isso, agricultores na Nicarágua, Honduras e El Salvador já estão passando a cultivar cacau, que prospera em climas quentes.

Adaptação a acidente nuclear

Cientistas que investigaram os efeitos do desastre de Chernobyl em 1986, ao realizarem experimentos com linhaça e soja, constataram que as plantas foram capazes de adaptar sua biologia para prosperar no ambiente contaminado.

Os pesquisadores acreditam que essa capacidade de receber radiação nuclear pode ter se desenvolvido milhões de anos atrás, quando o planeta tinha níveis naturais de radiação muito mais altos.

Sementes sobreviventes ao congelamento

Pesquisadores russos trouxeram de volta uma planta extinta há muito tempo, usando sementes enterradas por um esquilo há 32 mil anos, durante a Era do Gelo.

As sementes da espécie Silene stenophylla, planta com flor que se adapta bem a climas frios, foram encontradas na margem congelada de um rio na Sibéria.

Os cientistas coletaram tecido das sementes e usaram para germinar novas plantas, que depois se reproduziram por conta própria.

Especialistas esperam que esta seja a primeira de muitas espécies de plantas extintas que possam voltar à flora a partir de restos armazenados na superfície que permanece congelada nas regiões polares.