A Mata Atlântica acaba de reconhecer mais um curioso integrante, o sapinho laranja, anfíbio minúsculo de no máximo 2 centímetros, do gênero e espécie Brachycephalus crispus, que pode ser encontrado na Serra do Mar, região litorânea que vai do sul de Santa Catarina até o norte do Rio de Janeiro. O tipo de anfíbio descoberto por biólogos do departamento de herpetologia da Unesp Rio Claro (SP), em outubro de 2011, é exclusivo deste ecossistema. Ele possuía um apelido carinhoso de “pururuca” antes de receber a classificação científica.
O trabalho de classificação do anfíbio foi publicado em fevereiro na revista Herpetologica e assinado pela Bióloga Thais Condez, da Unesp Rio Claro, com supervisão do professor Celio Haddad. De acordo com as pesquisas, são ao todo 18 espécies, porém 15 delas somente são vistas acima dos 600 ou 700 metros de altitude, e várias parecem estar restritas a uma ou duas montanhas específicas.
O sapinho laranja ou “sapinho da montanha” é abundante na região e foi encontrado principalmente pelas montanhas de florestas do núcleo Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), 920 metros acima do nível do mar, próximo da divisa do litoral de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 2012, o mesmo grupo de pesquisadores já havia constatado algumas características específicas do animal. Os “bráquis”, como são chamados pelos cientistas, são quase todos exclusivos da Mata Atlântica, ocupando nichos ecológicos bastante específicos e de difícil acesso – razão pela qual desde então não tinham sido reconhecidos.
Anfíbios correm o risco de desaparecer
O sapinho laranja, assim como outros 12% de espécies de anfíbios da mata atlântica, correm o risco de entrarem em extinção. Segundo estudo recente publicado pela FAPESP, liderado por Rafael Loyola, coordenador do Laboratório de Biogeografia da Conservação da UFG, sobre a situação dos animais da ordem dos anuros, esta espécie recém catalogada também pode entrar na lista dos animais ameaçados pelas mudanças climáticas na região, pois está localizada no mesmo espaço alertado pelo cientista.
Outro problema que cerca estes anfíbios está relacionado com a estrutura das unidades de conservação. Por se tratarem de espaços praticamente abandonados, inclusive o Parque Estadual da Serra do Mar, o cuidado em elaborar pesquisas mais específicas e manter as espécies preservadas fica comprometido.