Agricultura
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A diminuição vertiginosa e acelerada da biodiversidade genética é, atualmente, uma das mais alarmantes ameaças ao equilíbrio ambiental do planeta. Segundo dados apresentados na última Reunião Regional da América Latina e Caribe, realizado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES, na sigla em inglês) em julho de 2013, aproximadamente 75% da diversidade genética das culturas agrícolas foi perdida ao longo do último século.

Ainda segundo a IPBES, embora existam cerca de 30 mil espécies de plantas, apenas trinta tipos de culturas agrícolas são responsáveis por fornecer 95% da energia dos alimentos consumidos pelos seres humanos. E, o que demonstra um processo nada sutil de homogeneização alimentar, a maior parte delas (60%) se resume a arroz, trigo, milho, e sorgo. A escolha das culturas baseia-se menos nos hábitos e ecossistemas de cada região, e mais na capacidade genética de cada alimento no que se refere à produtividade. Assim, de forma bastante concreta, à medida que algumas espécies são tão profundamente privilegiadas, outras acabam por desaparecer, desenhando um cenário em que a perda da biodiversidade se dá de forma contínua e progressiva.

Espécies bovinas também têm sido renegadas de modo a se tornarem cada vez mais raras – e, mais uma vez, a lógica mercadológica da grande escala supera as capacidades e necessidades locais. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), aproximadamente 22% das raças bovinas no mundo estão em risco de extinção. Todos estes dados que relacionam diretamente a extinção de espécies com a indústria de alimentos, principalmente nos ecossistemas agrícolas são focos centrais das organizações internacionais que atuam nesta área.

Ecossistema agrícola
Foto: 45647080@N04

Em 2010, ministros do meio ambiente de 193 países reuniram-se em Nagoya, no Japão, para Conferência das Partes na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Na ocasião, foi assinado um acordo internacional com metas da proteção da biodiversidade. Dentre as principais metas estão reduzir para a metade a perda de habitats naturais e aumentar as reservas naturais para 17% da superfície terrestre e 10% das zonas marinhas e costeiras; reduzir a poluição; proteger os recifes de corais; e, justamente, reduzir a perda de diversidade genética nos ecossistemas agrícolas. O prazo final estabelecido para o cumprimento destas metas é o ano de 2020.