O consumo de carne traz significativos impactos para o meio ambiente. Tanto, que cientistas vêm fazendo um apelo, especialmente aos brasileiros, para que comam menos a proteína.

O Brasil foi o país que mais consumiu carne vermelha no mundo nos últimos anos, em uma média de 140 calorias diárias por pessoa. O impacto do consumo de carne vem trazendo prejuízos ao planeta, por conta do cultivo de grãos como a soja, utilizada para alimentar os animais – o que acaba destruindo recursos naturais, territórios e espécies.

Com a previsão de que o mundo chegue a 10 bilhões de habitantes em 2050, a ONG World Resources Institute (Instituto de Recursos Mundiais) desenvolveu diversas orientações para o mundo todo, com o objetivo de se tornar possível, no futuro, uma produção alimentícia que não traga esses danos.

A sugestão do estudo, intitulado “Criando um futuro alimentar sustentável – um menu de soluções para alimentar quase 10 bilhões de pessoas em 2050” é que o consumo caia para 52 calorias diárias por pessoa nos próximos 32 anos.

Outra indicação é de que a carne seja consumida 1,5 vez por semana, em média.

Impactos do agronegócio

As atividades do agronegócio despertam o alerta ambiental: 1 quilo de carne produzida consome 15 mil litros de água, por exemplo. Como a maior parte da carne consumida no mundo é produzida em escala industrial, essa produção vem se mostrando cada vez mais insustentável e ameaçando o futuro do planeta como nenhuma outra indústria.

Outro ponto ressaltado pela WRI é que o aumento na produção de alimentos não pode causar uma expansão das áreas agrícolas e nem a destruição de florestas. Atualmente, metade de todas as áreas não construídas no mundo já é usada pelo setor agrícola, responsável pela emissão de um terço de todos os gases que provocam o efeito estufa.

Recomendações

Para evitar uma crise alimentar e o aquecimento global, o relatório pontua que será necessário aumentar a produtividade por hectare, cortar o consumo de carne e acabar com o desperdício de alimentos, que atinge um terço de toda a produção.

O estudo também destaca a importância de proteger florestas e ecossistemas e cita o Brasil como exemplo em política de concessão de crédito para a agricultura relacionada à proteção do meio ambiente.

O relatório recomenda ainda o reflorestamento de regiões de baixo potencial agrícola, como o Brasil tem feito na Mata Atlântica.

Mudança de hábito

Os hábitos no Brasil, com relação ao consumo de carne, estão mudando, de acordo com levantamento da empresa Kantar Worldpanel. A pesquisa aponta que 27% dos lares brasileiros realizaram mudanças em sua alimentação em 2018 em comparação com seus hábitos alimentares em 2017.

Os entrevistados declararam ter aumentado o consumo de frutas e sucos naturais, e diminuído a compra de carnes, além de refrigerantes e açúcar refinado. Foram 5% menos aves consumidas, 3,8% de carne bovina e 4,8% de carne suína.

Um fato à que pode ser atribuída a mudança é a possível influência da chamada geração Y, que busca consumir produtos saudáveis, orgânicos e sustentáveis sempre que possível.