Isolamento social para conter o avanço da COVID-19 vem ajudando a reduzir a emissão de poluentes em várias cidades do mundo
Apesar de todos os problemas enfrentados por causa da pandemia do novo coronavírus, a imposição do isolamento social para controlar o avanço da doença trouxe benefícios, que é a melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades do mundo.
Isso se deve tanto à redução das atividades industriais como à diminuição do uso de veículos automotores e aviões, que são as principais fontes poluidoras do ar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 3 milhões de pessoas morram a cada ano de doenças causadas pela poluição do ar e que mais de 80% dos moradores de áreas urbanas estão expostos a níveis de qualidade do ar que excedem os limites de segurança. A situação é pior nos países de baixa renda, onde 98% das cidades não cumprem os padrões de qualidade do ar da OMS.
Foto: Divulgação/NASA
Os mapas acima mostram a densidade das concentrações de dióxido de nitrogênio (NO2) em azul, amarelo e laranja. A redução começou em Wuhan e depois se espalhou para outras regiões do país, segundo a NASA.
Uma das maiores quedas da poluição observadas nos últimos meses, foi a da cidade de Wuhan, no centro da China. Submetida a um rígido bloqueio no final de janeiro, a cidade – com uma população estimada de 11 milhões de pessoas – abriga centenas de fábricas que fornecem peças de automóveis e hardwares para as cadeias de suprimentos globais.
De acordo com dados divulgados pela Nasa, os níveis de dióxido de nitrogênio na região de Wuhan e em cidades próximas foram de 10 a 30% mais baixos que o normal.
Foto: Divulgação/NASA
Essas imagens foram feitas a partir de dados do satélite Copernicus Sentinel-5P e mostram as concentrações médias de dióxido de nitrogênio de 14 a 25 de março de 2020, em comparação com as concentrações médias mensais de 2019.
Itália
Desde que o país decretou a quarentena no dia 9 de março, os níveis de dióxido de nitrogênio (NO2) em Milão e outras regiões no Norte da Itália caíram cerca de 40%.
A fonte ainda não está clara, mas é muito provável que esta queda tenha ocorrido por conta da desaceleração da atividade industrial naquela região. Outro fator que pode ter influenciado é a redução do tráfego rodoviário, responsável pela maior parcela das emissões de dióxido de nitrogênio na Europa.
São Paulo
No Brasil a queda da poluição também foi bastante percebida, principalmente no Estado de São Paulo. Uma reportagem feita pela Agência FAPESP entrevistou a professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), Maria de Fátima Andrade, que afirma que a redução da frota veicular é um dos principais motivos para esta melhoria. “Tanto para monóxido de carbono (CO) como para óxido de nitrogênio (NOx), os veículos de passageiros explicam mais de 80% da emissão de CO e os veículos a diesel explicam mais de 75% da emissão de óxido de nitrogênio. E esses poluentes têm uma relação muito grande com impactos à saúde”, explica a pesquisadora.
Confira a entrevista completa no vídeo a seguir: