Objetivo é levar informação e mostrar como é possível optar por produtores, supermercados e restaurantes que respeitam o bem-estar animal

Para ajudar a população a entender como ações simples incorporadas ao dia a dia podem ter um enorme impacto na vida de bilhões de animais que servem de base para produtos alimentícios, a Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que atua em prol do bem-estar animal, lançou um Guia de Consumo Consciente. O material traz informações sobre como privilegiar produtores, supermercados e restaurantes comprometidos com o bem-estar animal.

Estima-se que 70 bilhões de animais de fazenda sejam criados e abatidos todos os anos no mundo – dois terços em sistemas industriais intensivos que favorecem a alta produtividade e o alto lucro em detrimento do bem-estar. Como resultado, bovinos, aves, suínos e outros animais são submetidos a práticas consideradas cruéis e desenvolvem comportamentos anormais que lhes causam danos físicos e psicológicos.

Mas os animais não são os únicos impactados: a saúde humana e o meio ambiente também perdem, tanto com a ameaça de bactérias multirresistentes quanto com a degradação da natureza e a perda da biodiversidade.

Por isso, o Guia de Consumo Consciente traz dados que ajudarão nas escolhas do consumidor no momento de comprar produtos de origem animal, seja em supermercados, restaurantes ou até mesmo marcas de produtos. “Saber os compromissos públicos das empresas é fundamental no momento da escolha de compra, afinal o negócio se move pela exigência do consumidor. Por isso, orientamos privilegiar empresas comprometidas com bem-estar animal”, salienta o gerente de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial, José Rodolfo Ciocca.

Ele explica ainda que a ONG apoia um ranking anual, que avalia e classifica como as principais empresas do setor de alimentação tratam os animais que comercializam, com base em seus compromissos públicos, objetivos e relatórios de desempenho. “Trata-se do BBFAW (Business Benchmark on Farm Animal Welfare), considerado o documento mais confiável e abrangente sobre a atuação do setor corporativo em bem-estar animal. Em 2019, o ranking avaliou 150 empresas, em 24 países, que foram classificadas entre os níveis 1 a 6 – sendo o nível 1 o melhor, e 6 o pior”, explica Ciocca.

Ranking de empresas no Brasil

Responsáveis pelo início da cadeia de produção, tudo começa com os produtores, pois é deles que vem a carne que é comercializada em supermercados e restaurantes. São os produtores que podem aplicar práticas com altos níveis de bem-estar em suas fazendas e granjas ao implementar políticas de procedimentos e oferecer treinamentos especializados recomendados por organizações de saúde e bem-estar animal, como a Proteção Mundial Animal. No Brasil, classificadas nas posições mais baixas do ranking estão as empresas Aurora Alimentos e a Minerva Foods no nível 5; Marfrig aparece no nível 4, enquanto as gigantes BRF e JBS estão no nível 3.

Já as redes de supermercados comercializam carnes de diversos produtores, podendo exercer influência nos métodos praticados pelas empresas fornecedoras ao criar políticas de compra e venda relacionadas ao bem-estar animal. É na gôndola do mercado que os consumidores usam seu poder de compra e podem optar por produtos com altos níveis de bem-estar. Entre as atuantes no Brasil, o Grupo Pão de Açúcar está no nível 3, Carrefour e Walmart no 4 e Cencosud no 6. Cabe ressaltar que o ranking avalia os compromissos das empresas em âmbito global. No Brasil, a rede Carrefour liderou esse movimento por parte dos varejistas e foi a primeira empresa a firmar um compromisso público em prol do bem-estar dos suínos.

Por fim, as redes de restaurantes comercializam toneladas de carne anualmente, mas pouco informam sobre a procedência e de quais produtores compram. Essas informações são essenciais para que os consumidores façam escolhas conscientes. No nível 3 estão Domino’s, KFC e McDonald’s; no nível intermediário 4 seguem Burger King e Subway; Starbuck’s no nível 5 e Habib’s no nível 6, o último do ranking. Entre os restaurantes e supermercados, as posições das empresas referem-se à pontuação global e não apenas no Brasil.