Desde 1945 a saúde pública de diversos países se utiliza da prática da fluoretação da água canalizada, que é a adição de compostos iônicos que contém o elemento flúor na água para prevenção de cáries – tecnologia recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde brasileiro. Porém desde o seu advento há controvérsia nos debates entre cientistas e ativistas quanto aos riscos à saúde humana, mesmo nos países desenvolvidos, onde os centros de controle e prevenção de doenças consideram esta prática como uma das dez maiores realizações na área da saúde.
Estudos realizados na área durante mais de uma década indicam que a constante exposição ao fluoreto acima de 4 miligramas por litro pode causar a fluorose dental (manchas esbranquiçadas que afetam o esmalte dos dentes), especialmente em crianças, nos adultos pode estender-se até ao risco de fraturas ósseas, devido ao enfraquecimento pelo flúor, e fluorose óssea, causando enrijecimento das articulações e dores locais.
Entretanto esta acaba sendo uma área de pesquisa bastante complexa, pois o flúor está presente não só na água potável, como em alimentos e produtos de higiene bucal, e outros fatores como a genética podem influenciar na detecção do alvo do problema, já que algumas pessoas podem ser mais suscetíveis que outras aos efeitos do fluoreto.
O flúor na água é absorvido pelo organismo e exerce um efeito preventivo local; em contato com a saliva, adquire um efeito bacteriostático, impedindo a multiplicação dos microorganismos responsáveis pelas cáries, ao menos parcialmente.
No Brasil, a fluoretação da água de abastecimento público é feita com base no heterocontrole, um princípio aplicado ao campo da vigilância sanitária que assegura a adequação do teor de flúor na água e na continuidade do processo de fluoretação, uma vez que a interrupção desta aplicação pode ocasionar na falta de efetividade da prevenção contra as cáries.
Cientistas afirmam que nas últimas décadas a incidência de cáries, principalmente em crianças, está em constante queda, entretanto o número de casos de pessoas mais jovens com fluorose nos dentes cresce nesse mesmo ritmo. Com base nesses dados, a postura de parte dos estudiosos com relação ao questionamento se o flúor na água faz mal, começa a se transformar, passando do conceito de ‘única solução’ para alcançar o ponto de equilíbrio entre a incidência de cáries e a fluorose.