Cientistas da Universidade de Ciências Agrícolas de Uppsala, na Suécia, e cientistas da Academia Chinesa de Ciências realizaram estudo conjunto e constataram a existência de uma única família de ave do grupo Passerida, que não possui ligação com outras espécies similares. A Elachura, assim batizada pelos pesquisadores, é encontrada na região leste do Himalaia e sudoeste da China e provém de um dos dez ramos diferentes da “árvore genealógica” desse grupo.
Em entrevista ao portal BBC, o professor Per Alstrom, da Universidade de Ciências Agrícolas de Uppsala, na Suécia, coordenador do estudo, disse que “essa espécie é a única representante de uma das antigas ramificações dentro de um grupo maior de aves que compreende 36% das 10.500 espécies de pássaros existentes”.
No estudo publicado na revista científica Biology Letters, a equipe relata que a ave é difícil de observar, visto que se encontra na maioria das vezes, escondidas entre a vegetação densa de florestas tropicais. Entretanto, podem ser vistas durante a época de acasalamento, quando os machos cantam seu canto característico estridente que não se assemelha a nenhum outro pássaro da Ásia.
O estudo ainda relata que o pássaro havia sido ignorado anteriormente devido às suas incríveis semelhanças às carriças e carriças-tagarelas. Para Alstrom, a semelhança pode ocorrer por mero acaso ou por meio da evolução convergente, o que leva a aparências semelhantes em espécies que não tem relação, mas que vivem em um mesmo ambiente.
Como a Elachura foi descoberta?
A descoberta realizada pelos biólogos foi feita após eles terem analisado as diferenças moleculares no DNA dos pássaros, com o objetivo de rastrear quais fatores eles haviam herdado e assim compreender a sua linha evolutiva.
Para Alstrom, “análises moleculares têm sido fundamentais para que se possa estabelecer as relações existentes entre pássaros e elas vêm revelando relações múltiplas e totalmente inesperadas, como as que existem entre flamingos e mergulhões, entre falcões, papagaios e pardais e entre cotovias e triste-pias”.
“É possível que venhamos a descobrir mais casos assim no futuro, à medida que mais e mais espécies sejam analisadas, mas duvido que ainda existam espécies únicas a serem descobertas, como a Elachura”, relata o professor.