Hylodes lateristrigatus/Unesp/Divulgação Espécie de rã apresenta sofisticado sistema de comunicação.

O Instituto de Biociência (IB) da Universidade Estadual Paulista publicou um artigo anunciando a descoberta de uma nova espécie de rã. A rãzinha-da-correnteza vive na Serra do Japi, em Jundiaí (SP), a 800 metros do nível do mar.

Os pesquisadores querem agora compreender melhor a taxonomia da espécie, relacionando características genéticas, evolutivas, anatômicas e ecológicas e a interação entre seus indivíduos.

Uma curiosidade dessa espécie é o sofisticado sistema de comunicação, envolvendo sua vocalização, que é utilizada para fins de acasalamento e para advertir rivais como defesa de seu território.

Fábio Perin de Sá, do IB da Unesp, contou no artigo que a comunicação visual em espécies diurnas de anuros (ordem de animais pertencentes à classe Amphibia, que inclui sapos, rãs e pererecas), como o Hylodes japi, tende a ser mais complexa. “Nesses anfíbios, a atividade diurna facilita a evolução da comunicação visual. Repertórios de sinalização são complexos em espécies diurnas que reproduzem em riachos ruidosos”.

Processo para descoberta de nova espécie

O grupo de pesquisadores estudou uma população de rãs de um riacho na Serra do Japi e acompanhou seus hábitos ao longo de 15 meses. Foram feitos registros audiovisuais, além de observações envolvendo análise de dados moleculares, com sequenciamento parcial de dois genes mitocondriais e outro gene nuclear, confirmando, assim, uma nova espécie de rã pertencente ao grupo de Hylodes lateristrigatus.

Entre suas características estão sua estatura pequena, superfície dorsal relativamente lisa, olhos com machas escuras, dorso com grandes manchas escuras e ventre de cor clara. Já os machos adultos possuem sacos vocais laterais ligados e vastos.

A rã emiti diferentes tipos de sons, utilizando de um repertório de sinais visuais nunca visto antes em outros anfíbios, como posição do pé, impulsos com os braços e movimentos de balançar a cabeça.

A reprodução acontece entre fevereiro e abril, ao final da estação chuvosa. Nesse período, o macho emite sons para ser notado e atrair a fêmea para seu território. Ao alcançar seu objetivo faz sinais com os dedos e movimentos com seu corpo. Se ela não se interessar, mergulha na água e desaparece, fazendo com que o macho procure outra pretendente.

Foram identificados 18 comportamentos, com funções diferentes. Você pode conhecer todos eles no artigo “Sophisticated Communication in the Brazilian Torrent Frog Hylodes japi”, disponível aqui (journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0145444).